E tudo se mantém na mesma: desde 2016 que Benfica e Sporting não vencem um clássico no campeonato, águias e leões mantêm-se igualados na tabela depois da terceira jornada. Depois de toda a expectativa, o dérbi lisboeta teve luta, emoção, um golo para cada lado e indefinição até perto do fim.
Numa partida com muitas mudanças forçadas dos dois lados, ainda ficou a ideia de um jogo aberto e futebol positivo durante os primeiros momentos, com as oportunidades a surgirem dos dois lados (sendo as mais flagrantes para o lado encarnado). O Benfica assumia um pouco mais o jogo, colocava a bola nos flancos e era daí que tentava construir as ameaças, com o jogo interior a ser pouco claro, Ferreyra a ter falta de apoios no meio-campo ofensivo e a ser, assim, inofensivo.
Se o Benfica procurava os flancos para construir, o Sporting procurava-os em lances velozes, com Nani e a novidade Raphinha atentos aos erros adversários e, assim, a mostrarem um leão que podia ameaçar na Luz se a sorte do jogo lhe sorrisse. Ia sorrindo: Rúben Dias teve duas grandes ocasiões em cabeceamentos mas viu Salin travar os remates e Cervi atirou para uma grande defesa do guardião francês, em destaque na primeira meia hora.
Nem só de jogadas, arrancadas ou remates se fazia o primeiro tempo. Vários momentos de quezílias entre jogadores iam surgindo e intensificaram-se demasiado na reta final antes do intervalo. Jogadores a desentenderem-se, algumas faltas duras, quanto baste de intervenções do árbitro muito contestadas pelas bancadas.
Os adeptos benfiquistas viam a sua equipa a perder domínio na circulação de bola, enervavam-se com passes errados e enervavam-se com a equipa de arbitragem, os nervos ficavam em franja e o intervalo trouxe necessária água à fervura. Os craques voltaram mais calmos e lá vimos outra vez futebol: novamente o Benfica a ameaçar, com Cervi a fazer a bola passar perto e Salin a brilhar de novo a remate de Pizzi e, já depois da hora de jogo, um momento-chave: Montero rasteirado na grande área por Rúben Dias e penálti de Nani sem perdão, com a Luz a ficar, de forma temporária, a ouvir apenas os cânticos leoninos.
O segredo do Benfica para evitar uma derrota caseira frente a um dos grandes rivais? O banco e um menino da casa. Já nos 86 minutos, cruzamento de Rafa na direita e quem aparece na grande área senão João Félix, o rapaz de meros 18 anos que já vale pontos em dérbis. Um cabeceamento certeiro a salvar as águias de uma imensa desilusão no primeiro grande dérbi.