Sobreviveu. É esta a melhor palavra para descrever o primeiro jogo do Sporting na edição 18/19 da Liga NOS. Uma má exibição, especialmente de ordem tática, mas uma vitória por 1x3 arrancada a ferros num terreno complicado e perante um Moreirense que soube muito bem aproveitar os muitos erros dos leões. Não serviu para encantar, mas serviu para o Sporting arrancar o campeonato com três pontos.
José Peseiro apostou numa equipa semelhante ao que tinha vindo a utilizar na pré-temporada. Insistiu no duplo-pivot no meio-campo e procurou (mal) os muitos passes longos. Valeram Bas Dost e especialmente Bruno Fernandes. Por seu lado, o Moreirense mostrou que tem qualidade.
É certo que entrar e logo aos seis minutos começar a perder não é fácil, mas a primeira parte foi uma total desordem leonina e percebeu-se bem cedo. Olhando para vertente tática do jogo, uma coisa ficou clara: o duplo pivot do Sporting simplesmente não funciona. O Moreirense cedo percebeu que ia ter facilidade em encontrar espaços entrelinhas e ia encontrar sempre forma de fugir a uma pressão que por vezes pareceu de equipa amadora.
Há ainda outra questão relevante da primeira parte e Ivo Vieira terá demorado menos de dois/três minutos a perceber o que todos no estádio perceberam pouco depois. Os flancos leoninos foram uma verdadeira passadeira nos primeiros 45 minutos. Fosse num um-contra-um contra o lateral, fosse nas combinações entre extremo e lateral, o Moreirense encontrou sempre o espaço para cruzar e para criar perigo. Jefferson e Ristovski (nem a assistência apaga a exibição) estiveram muito mal.
Foi uma primeira parte verdadeiramente preocupante para José Peseiro e onde apenas os movimentos de rutura de Bruno Fernandes foram dando alento a uma equipa que, até pela quantidade de protestos e conversas «quentes» para o banco, se nota que está nervosa e insegura do que tem de fazer em campo.
Os leões tinham dificuldades em quase todos os aspetos do jogo e até Bruno Fernandes, que esteve perto de marcar cedo na segunda parte, protestava com José Peseiro devido ao excesso de bolas longas vindas dos centrais e de Petrovic.
Estranhamente, o Moreirense deixou de fazer aquilo que vinha fazendo bem e deixou de procurar o espaço (imenso) entre os dois médios leoninos e os defesas. Nessa altura, José Peseiro (talvez cansado da passividade de Acuña e de Nani) decidiu apostar em dois extremos irreverentes e a equipa parece ter recebido uma dose de adrenalina. Jovane ganhou uma grande penalidade num movimento agressivo de ataque ao defesa que Nani e Acuña não fizeram em mais de uma hora. Bas Dost fez o 1x2 na grande penalidade e depois aproveitou o passe de magia de Bruno Fernandes para fazer um chapéu rumo ao 1x3 já nos descontos.
A equipa melhorou muito com a entrada de jogadores como Raphinha e Jovane e a jogar desta forma, figuras como Nani, Acuña, Jefferson ou Petrovic rapidamente se vão encontrar no banco.
Peseiro tinha dito que o mais importante eram os três pontos e isso é verdade. Ainda assim, será impossível que o treinador tenha ficado outra coisa que não alarmado com a exibição da sua equipa e com a falta de qualidade que alguns jogadores demonstraram.