Não, não foi por Rui Patrício, longe disso. Mas a nódoa final foi o corolário de uma exibição fraca de um leão que nem com os habituais, nem com os suplentes que entraram conseguiu bater o pé ao Marítimo. O Sporting ficou no terceiro lugar do campeonato, ao perder por 2x1 nos Barreiros e ao ver o Benfica bater o Moreirense. A equipa de Jorge Jesus sofreu na primeira parte, respondeu de imediato, mas mostrou-se progressivamente mais ansiosa e foi permitindo espaços ao Marítimo, que marcaria no fim, num golo muito consentido por Rui Patrício.
O leão só se podia fiar em si próprio. É verdade que um resultado idêntico ao do Benfica (mesmo perdendo, se o Braga não ganhasse) bastava, mas era proibido que os ouvidos dessem demasiado destaque ao que ia acontecendo na Luz. Era preciso ganhar nos Barreiros. E foi isso que a equipa de Jorge Jesus procurou fazer desde cedo.
Com os de sempre, na forma habitual: Bruno Fernandes a arquitetar e a tender para ir pela direita, onde Gelson alternava uma maior velocidade à bola. Os dois criativos em ação começaram por criar muitas dificuldades ao Marítimo, que se voltou a arrumar num 4x4x2 tradicional e que demorou quase meia parte a sair em contra-ataque.
Se Piccini ficou com as orelhas a arder por algumas reprimendas de Jorge Jesus, do outro lado Coentrão não estava melhor e fez desnecessariamente a falta que deu no primeiro golo do Marítimo, num excelente cabeceamento de Joel.
Só que os tais mesmos de sempre nem deixaram que todos os adeptos insulares se sentassem e, na reposição de bola, conduziram o ataque que deu no empate, por Bas Dost.
E pouco mais houve até ao descanso. A viver na corda bamba, embora a manter-se hirto, o leão foi para o descanso com o perigo de um golo, ou do adversário ou do Benfica, o tirar da roda dos milhões.
Foi o que aconteceu aos 52 minutos. Da Luz veio a notícia, numa altura em que os leões já estavam totalmente instalados no terreno do adversário, e logo Bryan foi para o campo, numa mensagem que era bastante explícita para a equipa.
Só que o leão estava intranquilo. Se, por um lado, até conseguia estancar com alguma facilidade os ataques maritimistas, por outro entrava de forma muito lenta no último terço, numa previsibilidade que impossibilitava qualquer perigo. Gelson caiu de produção, o lado esquerdo continuava completamente inoperante e não havia forma de Dost e, mais tarde, Montero serem bem servidos.
Só que nem Montero, nem Bryan, nem Doumbia acrescentaram grande coisa. Para além disso, o Marítimo entrou numa toada de anti-jogo e os minutos foram passando a uma velocidade louca, com a incapacidade leonina a agudizar-se.
E, à entrada para os descontos, onde o leão já várias vezes tinha sido feliz esta época, deu-se o momento fatal, com Ghazaryan a rematar frouxo e com Rui Patrício, num momento de grande infelicidade, a abrir a capoeira e a deixar entrar o golo da vitória do Marítimo.