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    Treino Invisível
    Pedro Filipe Maia

    Comer e jogar, segredos bem guardados do futebol

    2024/03/13
    E1
    Pedro Filipe Maia, Diretor de Contéudos Multimédia do zerozero, é apaixonado e praticante de desporto e também alguém atento às novas tendências do treino e do mundo da performance. Neste espaço, pode conhecer as últimas tendências deste universo, particularmente as que estão a ser aplicadas no futebol.

    Da eliminatória do FC Porto frente ao Arsenal, para lá da floresta tática, estratégica, técnica, muitos se devem ter questionado sobre outro tema: afinal, como é que estes senhores aguentam 120 minutos desta carga física e emocional de alta intensidade?

    O adepto mais exigente trará o argumento «é o trabalho deles», «são pagos para isso», ou a famosa comparação «eles deviam trabalhar as minhas oito horas e viam o que era bom».

    Mas o futebol (e o desporto de alta competição) transcende qualquer comparação mundana.

    Tanto assim é que todos os ínfimos detalhes são demasiado grandes para serem ignorados na hora de competir.  

    O adepto mais curioso questionará, então: «Mas de onde vem a energia?»

    Transformemos isto num dia de um cidadão normal. Aguentaria sem se alimentar seis horas? Teria energia adequada para trabalhar?  

    O jogo teve início às 20 horas. A que horas comeram os jogadores? Cada organismo sua sentença, mas a regra pede duas a três horas antes de submeter o corpo a alta intensidade.

    Os jogadores já chegam ao estádio com a refeição feita no hotel, normalmente um lanche reforçado e guiado pelos nutricionistas com quantidades de hidratos de carbono, proteína, legumes e açucares ideais para a ocasião.

    No estádio, a este nível, as equipas de logística reforçam os balneários com os últimos snacks: fruta, café, bebidas energéticas, açúcares rápidos, para um reforço alimentar antes da subida ao relvado.   

    O jogo entre FC Porto e Arsenal chegou a prolongamento às 22 horas, assumamos que quatro horas depois da última grande refeição dos atletas.

    Após correrem 90 minutos, as reservas de energia no corpo já são poucas, pois durante a primeira e segunda partes o máximo que ingerem é água para repor líquidos, mas que não tem valor energético.

    No jogo, vários jogadores do FC Porto deram sinais de cãibras, desgaste muscular, cansaço. Vimos, por várias vezes, sobretudo no intervalo do prolongamento, as equipas médicas oferecerem aos jogadores alguns pequenos frascos ou saquetas que rapidamente tomavam.

    Afinal, o que são essas saquetas?

    Os frascos transparentes oferecidos a quem teve cãibras são uma das descobertas mais recentes e é, nada mais, nada menos, do que um sumo de pickles. Sim, leu bem: sumo de pickles.

    Esta nova «mezinha» foi implementada recentemente e diminui o espasmo muscular em fase aguda. Mostarda em vinagre têm o mesmo efeito, mas são menos práticos para levar para um jogo de futebol e ingerir em dez segundos.

    Segundo os nutricionistas, explicado de forma pouco técnica, o forte ácido distrai o nosso cérebro da cãibra muscular e foca-o em resolver a sensação desconfortável na boca. E lá vão eles correr de novo.

    Mas o cansaço está lá. Como se resolve? Entram em jogo as saquetas que vimos na mão dos atletas, os famoso géis de hidratos de carbono. São açúcares, por exemplo, em formato de liquido espesso para uma rápida absorção no organismo. Shots de energia, algo que equivale a uma refeição de arroz ou massa, por exemplo.

    São técnicas já famosas em desportos de Endurance (ex: atletismo, ciclismo, natação), e que estão no futebol mais discretamente mas com grande importância.  

    Afinal, não é só entrar e jogar. Não é só uma questão de se a bola entra ou não.

    Há Ciência por trás do rendimento e para lá do comum olho do adepto.  



    Comentários

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    motivo:
    TI
    ZEROZERO
    2024-03-19 11h32m por ti_maria_69
    Mais artigos destes (educativos e construtivos), por favor!!!

    E mais "opinadores" destes!!!

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