A nota mais afinada esteve a um passo de ser atingida pelo FC Porto, contudo, a passagem por Barcelos terminou da forma menos agradável para a turma azul e branca. O 1-1 premiou a arte de nunca desistir da turma gilista, num momento em que Thomás Luciano teve a frieza para atingir a nota grave e anular o timbre agudo imposto por Evanilson.
Tal como previsto, Vítor Campelos não mexeu muito na estrutura da equipa que bateu o Estoril, promovendo apenas o regresso de Martim Neto - de volta após suspensão - como organizador, à frente do pivô composto por Pedro Tiba e Mory Gbane. Do lado azul e branco, Sérgio Conceição geriu na medida do possível, fazendo entrar Eustaquio para o lugar de Nico González, com o ressurgimento de Iván Jaime na posição de Galeno, a ser a grande novidade do conjunto da Invicta.
Se o problema no comunicador do árbitro assistente marcou a reta inicial do desafio, os minutos seguintes trouxeram a tendência (de pouco apetite pela baliza) das duas equipas, durante os 45' inaugurais.
Otávio deu o primeiro sinal, na sequência de uma falta ganha por uma das várias investidas promovidas por Francisco Conceição. Era notória a preferência portista pelas iniciativas à direita - Iván Jaime esteve muito apagado -, mas ficou também evidente a pouca capacidade para ultrapassar a organização da linha defensiva gilista, irrepreensível com Rúben Fernandes como voz de chefia.
No entanto, não só de rigor defensivo primou o Gil. Personalizados e assentes na gestão dos vários timings encabeçados por Pedro Tiba, os Galos mostraram a sua fama de equipa que sabe jogar e soltaram-se na direção da baliza de Diogo Costa. Rúben Fernandes ficou à porta do golo num lance marcado pelo choque violento com Pepe.
Fruto dessa postura, a equipa de Vítor Campelos jogou vários minutos no último terço azul e branco, gizando várias jogadas de belo entendimento - Tidjany Touré e Murilo estiveram em foco -, que viriam a receber a devida resposta perto do intervalo.
Por essa altura, o capitão gilista esteve perto de marcar na própria baliza na ânsia de afastar o perigo da sua área, com Eustaquio a motivar a festa momentânea do mar azul e branco, devidamente cancelado pela falta de Wendell.
O crescimento visitante era inegável, só que o azar bateu de novo à porta do internacional canadiano, desta vez pelo corte milagroso de Rúben Fernandes no coração da área minhota. Estava colocado o ponto e vírgula no despique...
No reatar, os desejos de baliza eram uma realidade para quem assistia e a verdade é que a reentrada fortíssima dos dragões proporcionou isso mesmo. Ao retirar poder à transição defesa-ataque gilista com uma pressão asfixiante, o golo ficou mais próximo por intermédio do tiro de Iván Jaime apenas com resposta à altura por parte de Andrew.
Um aviso que acabou por permitir a colheita, pouco depois. Mory Gbane cortou com a mão na própria área e não deu alternativa a Fábio Veríssimo que não apontar para castigo máximo. Na hora H, Evanilson viu Andrew bloquear a conversão, mas, na recarga, o avançado brasileiro estreou mesmo o marcador.
O Gil viu necessidade em responder e o jogo modificou para um ADN vertiginoso. Campelos fez entrar Maxime Domínguez e Alipour e o internacional iraniano não tardou em deixar Diogo Costa em sentido. Nessa altura, já Tiba tinha ficado a uma nesga da igualdade, o que não livrou a turma minhota de alguns sustos bem sérios do sempre dinâmico Francisco Conceição e Pepê.
No que havia para jogar, o duelo partiu e as ocasiões surgiram em catadupa. Instalado no meio-campo ofensivo e com a «manta destapada» na retaguarda, o Gil ficou perto de novo dissabor. Evanilson perdoou o 0-2 no cara a cara com Andrew, quando Otávio já tinha visto a estreia a marcar pela nova equipa adiada por uma questão de centímetros.
Até ao fim, os Galos rondaram a área de Diogo Costa e acabaram mesmo por gelar o fogo do dragão. Após centro tenso de Buta, Thomás Luciano vestiu a pele de herói improvável e, de cabeça, estabeleceu o empate final.
Numa partida com algumas faltas, Fábio Veríssimo anulou (bem) o lance do golo de Stephen Eustaquio por falta de Wendell, tendo procurado manter o jogo sob controlo com a exibição de algumas cartolinas amarelas em alguns lances de potencial perigo. Ainda assim, fica a ideia de uma arbitragem demasiado zelosa.
Sempre com critério durante largos períodos da partida, o Gil Vicente voltou a demonstrar que tem armas e futebol para dificultar a vida de opositores de nível superior, sobretudo no seu estádio. É certo que os dragões também podiam ter elevado a contagem, mas a verdade é que os Galos acabaram por merecer a felicidade pela ousadia imposta em certos momentos do desafio.
Morre. O FC Porto não teve uma noite de grande fulgor exibicional em Barcelos, mas dispôs de chances suficientes - durante o segundo tempo - para selar os três pontos. A falta de frieza de Francisco Conceição, Pepê e companhia acabou por ser madrasta para os pupilos de Sérgio Conceição.