Que momento! Que golo!! Galeno assegurou, nos descontos, uma preciosa vantagem para o FC Porto ir guardar a Londres. Mesmo a fechar, quando já ninguém acreditava, o luso-brasileiro teve um momento soberbo que coloriu uma noite amarrada e de muita contenção. Diogo Costa não fez qualquer defesa.
Num duelo entre duas equipas muito tentadas a anular o adversário, o Arsenal só conseguiu perigo nas bolas paradas, num jogo em que teve muita bola, sem conseguir com ela desfazer a boa organização de Sérgio Conceição. Aos portistas faltou clarividência quando puderam ter espaço para o contra-ataque. E seria a principal flecha, tantas vezes solicitado para correrias, a decidir com muita classe.
Aquelas constantes batalhas em pontapés de canto que se verificavam a cada momento desses na área portista espelharam bem o desenho do começo da eliminatória. Sim, falamos de eliminatória e não de jogo apenas, porque se percebeu que um e outro treinador quiseram ganhar cada centímetro sem nunca perder o equilíbrio. Um jogo de forças que fez com que a primeira parte fosse constantemente amarrada.
Do ponto de vista do espetáculo, nada que se recomende. Do ponto de vista tático, uma prestação muito interessante dos dragões, onde o bom nível de Wendell (o melhor desde que chegou) foi importante para estancar as ações de Saka num lado em que se sentia o natural nervosismo de Otávio, estreante nestes palcos maiores num jogo de grande exigência.
O saldo não era mau e até podia sugerir amargura pela bola ao poste. Mas havia justiça perante um Arsenal com muita bola, mas pouquíssimo produtor: para registo, só dois cabeceamentos ao lado na sequência dos tais cantos.
No segundo tempo, o conceito não mudou, até porque ninguém tinha de se dar ao risco. Surgiram mais falhas de marcação do lado portista, como a que deixou Trossard sozinho na sequência de um canto, mas foram normalmente resolvidas ainda antes de alguma invasão à área de Diogo Costa.
Só que, do outro lado, continuou a faltar a melhor definição nas chegadas ao último terço. Os gunners também melhoraram na abordagem defensiva, não marcando tão em cima os velocistas portistas e tirando-lhes a capacidade de ganhar a frente em aceleração. E, ao mesmo tempo, a frescura física foi desaparecendo.
Mesmo assim, por ver a equipa a cumprir sem bola, Sérgio Conceição tardou bastante as mexidas na equipa. Arteta fê-lo primeiro, embora com clara mensagem de prudência (saiu o avançado Trossard, entrou o médio Jorginho) e o líder portista só aos 80 minutos alterou, com Ivan Jaime. Depois, com os refrescos Borges e Toni Martínez.
Tudo se encaminhava para uma igualdade pouco atrativa para Londres. Eis que, cansado e com poucas forças, Galeno foi à técnica para um fabuloso remate que deu numa importantíssima vitória!
Galeno elevou-se com o golo, mas há que ter muito em conta o grande jogo de Alan Varela, com um raio de ação muito grande e preenchido com sucesso. Nota ainda para Wendell, com a dificílima missão de travar Saka, o que foi feito com sucesso.
Do Arsenal esperava-se mais. Muito mérito dos portistas, mas algum demérito da equipa de Arteta, que acabou o jogo sem qualquer remate enquadrado. Acima de tudo, ficou bem explícito que é um adversário possível de bater.