Costuma-se dizer que a vingança serve-se fria e o FC Porto serviu-a na Prova Rainha, vencendo o 3º round com o Estoril Praia, de forma bem convincente, por 0-4 e avançando para os quartos de final da Taça de Portugal.
Pela 3ª vez na temporada, e em três meses seguidos, Estoril Praia e FC Porto encontravam-se, desta vez num jogo de tudo ou nada, a eliminar, para a Taça de Portugal. Do lado canarinho, Vasco Seabra fazia uma pequena revolução no onze inicial, com Dani Figueira, Volnei, Mangala, Wagner Pina, Mateus Fernandes, Heriberto e Cassiano como novidades. Já do lado portista, Sérgio Conceição fazia quatro mexidas no onze, com Alan Varela, Nico, Galeno e Francisco Conceição a entrar para os lugares de Grujic, Eustaquio, André Franco e Toni Martínez.
O 🔵FC Porto nunca sofreu uma reviravolta, fora de casa, na 🇵🇹Taça de Portugal após vantagem de dois golos ao intervalo (42V, 1E) pic.twitter.com/BZB6nW8Dij
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Perante tantas mexidas do lado do Estoril, havia curiosidade para perceber com que atitude a equipa canarinha entrava em jogo e cedo se percebeu que era bem distinta da vista no último confronto entre as duas equipas. Além de ter perdido com a ausência de Rodrigo Gomes na direita (mais preso e menos explorado na esquerda), a equipa comandada por Vasco Seabra apresentou-se a defender em bloco baixo e bem menos pressionante do que em jogos anteriores, tentando jogar com a transição.
Contudo, o FC Porto, por sua vez, estava a pressionar bem alto, ganhando com a mobilidade de Pepê como segundo avançado (grande liberdade posicional e de movimentos), e isso dificultou imenso a sair a jogar por trás do Estoril, que não conseguia chamar a jogo os seus médios, nem mesmo com a inclusão de João Marques, o falso extremo. Quando o Estoril conseguia ultrapassar essa primeira linha de pressão - a primeira foi aos 6', num passe longo, onde Cassiano rematou ao lado -, o perigo surgia, mas a verdade é que foram poucas as vezes.
O FC Porto estava, por isso, bem na partida - embora tremesse um pouco no miolo quando o Estoril acelerava um pouco a troca de bola - e até podia ter sido feliz mais cedo, caso os extremos não estivessem tão presos ao mesmo movimento. Contudo, os dragões acabaram mesmo por celebrar aos 24', num enorme passe de Pepe, a encontrar Evanilson entre os centrais (falharam no ataque à bola), que parou de peito e atirou a contar para um grande golo.
🇧🇷Evanilson fez o seu hattrick mais rápido da carreira:
32' vs Estoril [F], Taça
37' vs Antwerp [F], Champions League
50' vs B SAD [F], Liga
O avançado brasileiro fez 3 dos últimos 7 hattricks dos dragões. pic.twitter.com/NjM1dRvL2k
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Pedia-se (muito) mais do Estoril para retirar algo do jogo e fazer o FC Porto tremer e Vasco Seabra tentou algo novo ao fazer entrar Rafik Guitane e Holsgrove ao intervalo. A equipa até ficou mais intensa na pressão e na troca de bola, mas o jogo estava de feição aos dragões, que podiam jogar na transição e aproveitar o maior espaço dado. Não tardou que tal resultasse e aos 56', numa bela transição, muito bem conseguida coletivamente, Evanilson completou o hat-trick e fez o 0-3.
Este 3º golo pareceu claramente acabar com qualquer réstia de esperança que o Estoril tivesse trazido dos balneários e o jogos sofreu com isso, baixando de ritmo intensamente. De resto, o FC Porto podia claramente ter tornado a vantagem bem mais «gorda» nos minutos seguintes, até porque de cada vez que acelerava um pouco o ritmo de jogo aproveitava a inércia e canarinha e chegava facilmente à baliza e área adversária. Foram várias as oportunidades falhadas, mas, aos 76', Pepê aproveitou um buraco na defesa adversária, desmarcou Galeno e este fez o que quis na cara de Dani Figueira e ampliou para 0-4.
A ausência de Taremi na seleção deixou algumas reticências sobre quem faria o seu importante papel na equipa, mas Pepê voltou a mostrar que pode ser esse faz-tudo e a sua mobilidade na frente e no miolo traz aspetos muito interessantes à equipa, além de permitir aos extremos serem mais aventureiros na verticalidade e diagonais.
Desde a chegada de Vasco Seabra que este Estoril vinha sendo uma das equipas em melhor forma em Portugal (apesar do resultado no último jogo), mas hoje esteve irreconhecível e cedo se notou que a prioridade não era uma vitória na Taça. Faltou atitude e a irreverência do costume.