A 1ª parte teve bons momentos a espaços, mas a 2ª, até ao golo inaugural, deixou muito a desejar. Contudo, o Benfica beneficiou de uma «pitada de sorte», que mudou o jogo por completo nos minutos seguintes, venceu o Famalicão por 2-0 e confirmou a passagem à próxima eliminatória da Taça de Portugal, após uma exibição q.b. (quanto baste).
Depois do assalto à liderança do campeonato, regressava a festa da Taça e o Benfica recebia o Famalicão. Do lado encarnado, mesmo sendo Taça e havendo Liga dos Campeões a meio da semana, Roger Schmidt mudou apenas uma peça no onze titular, em relação ao dérbi, entrando Tengstedt, que foi decisivo nesse jogo, para o lugar que pertencia a Musa. Já do lado famalicense, João Pedro Sousa mudava meia equipa em relação ao duelo com o Camacha, também para a Taça.
Apesar de estar a jogar na Luz, o Famalicão não se apequenou nos primeiros minutos de jogo, pressionou bastante alto, sobrepovoando bem o miolo através do seu 4x1x3x2 (retirou um pouco do jogo João Neves e Florentino na construção e ligação) e aproveitando o espaço dado por João Mário e Di María (a apoiarem pouco os laterais) para criar perigo, especialmente na esquerda, onde Francisco Moura e Puma iam sendo uma dor de cabeça para Aursnes e testando Trubin.
Ora, com Rafa algo desaparecido e João Mário apenas a espaços, coube a Di María agilizar o ataque encarnado com o seu pé esquerdo e conseguiu-o algumas vezes através de passes em rutura, destacando um, aos 16', que desmarcou Tengstedt na cara do golo (Riccieli cortou em cima da linha). De resto, o dinamarquês ia sendo bastante associativo e dado à equipa, mas algo perdulário na cara do golo e desperdiçou mais um par de boas oportunidades, antes do jogo entrar num regime mais lento e previsível, com o aproximar do intervalo.
Era preciso algo mais na 2ª parte, de ambos os lados, e cedo se percebeu que Schmidt queria os seus laterais mais subidos, a dar largura e profundidade, para tentar contrariar o bloco baixo famalicense e dar mais espaço no centro para intervenientes como o desaparecido Rafa. Por um lado, tínhamos um Famalicão cada vez mais recuado, mas, por outro, também havia mais espaço para a transição e Puma ia sendo uma seta em direção à baliza contrária.
Ora, com este bloco baixo famalicense, o Benfica jogava praticamente sempre em ataque organizado, mas ia sendo bastante previsível em quase todas as suas ações - exceção para uma combinação de Rafa e Aursnes na direita, que deu oportunidade do luso aos 59' - e Roger Schmidt tardava em mexer, o que, combinado, deixava o público da Luz com um crescente nervoso miudinho, impaciente.
Até final, nada houve a apontar, com exceção das substituições tardias de Roger Schmidt, e o Benfica garantiu a qualificação para a próxima eliminatória da Taça de Portugal. Contudo, será preciso muito mais no próximo jogo, frente ao Inter de Milão, para a Liga dos Campeões.
Aquela entrada do Famalicão deixou água na boca e percebeu-se que os forasteiros sabiam perfeitamente onde podiam ferir o Benfica, de tal modo que ainda testaram Trubin a sério. Contudo, baixaram a pressão e as linhas e o jogo mudou «cedo». Imagine-se que mantinham a toada inicial: será que seria diferente? Ficaremos na incógnita.
João Neves continua a encantar, Di María (ofensivamente) é diferenciado e Tengstedt foi muito esforçado (mas perdulário na hora de marcar), mas esta exibição do Benfica deixou, no geral, muito a desejar, especialmente a partir do momento que o Famalicão se limitou a jogar em bloco baixo. Pede-se mais do campeão nacional.