O Gil Vicente precisava de um ponto para selar, definitivamente, a permanência na Primeira Liga mas acabou com os três na receção ao Boavista, esta sexta-feira, na abertura da jornada 32. O triunfo por 3-1 da equipa comandada por Daniel Sousa teve a marca de Fran Navarro, o goleador de pazes feitas com o golo.
Dois estilos diferentes procuraram o mesmo propósito. Desde cedo que se percebeu em Barcelos que a bola passaria mais tempo nos pés da equipa da casa e que, do outro lado, as investidas ofensivas passariam por um jogo mais vertical, às custas de Mangas e Gorré.
Aos 22 minutos, Kanya Fujimoto e Fran Navarro desenharam o lance perfeito, amolgado pela finalização sem direção do japonês. Mas estava apresentada a forma como o Gil chegaria à vantagem, aos 38 minutos.
A jogada começa junto à área dos homens da casa, ganha dimensão no duelo ganho por Carraça e assumiu forma nos pés de Tiba, primeiro, e de Fujimoto, depois, na decisão de servir Navarro no centro, com o espanhol a encostar para a vantagem.
Na troca de lados, o jogo trouxe consigo o condimento do «caos». Interessante para a plateia, o jogo revestiu-se na segunda parte de contornos que nenhum treinador aprecia. Tu cá, tu lá, com muito - demasiado - espaço para as duas equipas exploraram a seu bel prazer.
Ricardo Mangas atirou ao poste (52') e, pouco depois, lá chegou o empate (55'). Se Filipe Ferreira teve tempo e espaço para cruzar, a Seba Pérez foi-lhe concedido uma suite de dimensões generosas no coração da área, sem que nenhum gilista aparecesse para o incomodar; com tamanho luxo, o colombiano usou a cabeça e bateu Andrew para o 1-1.
Quando, quatro minutos depois, Gorré ficou muito perto da reviravolta, pairou no ar a sensação de um Boavista pronto para sair de Barcelos com o sonho europeu vivo. Mas, como tantas vezes, na montanha-russa do futebol, o desfecho foi outro.
Aos 64 minutos, Murilo pintou o quadro na direita e, à «matador», Navarro surgiu a finalizar na «cara» de Bracali. O goleador espanhol, que andou dois meses divorciado do golo até faturar nos Açores, provou que a seca é coisa do passado com os tentos número 15 e 16.
No ato segundo do espanhol, contudo, os ânimos exaltaram-se porque na génese da jogada os homens da cidade do Porto pediram possível falta de Gabriel Pereira sobre Seba Pérez; Petit foi mais efusivo e acabou expulso, tal como o golo acabou validado depois de Ricardo Baixinho confirmar a decisão junto ao monitor do VAR.
A partir daí, foi esperar pelo fim, que não chegou sem o golo que acabou com as dúvidas. Depois de Ricardo Mangas intercetar com a mão uma bola na área boavisteira, Murilo foi à marca dos onze metros assinar o 3-1 final. Houve ainda tempo para Andrew brilhar novamente com uma defesa vistosa a remate de Yusupha.
O espanhol é uma das figuras do campeonato português e viveu, entre o início de março e o início de maio, uma seca invulgar de golos. Depois de marcar nos Açores, esta noite voltou a «bisar» e com dois golos selados ao estilo de um «matador».
Quando Navarro fez o 2-1, o jogou entrou em pausa. Entre a expulsão de Petit, a revisão do lance e dois cartões amarelos a jogadores do Gil e do Boavista ficaram mais de sete minutos pelo caminho. Demasiado.
Ricardo Baixinho teve no lance do segundo golo do Gil Vicente o momento mais crítico do encontro. Depois de validar em jogada corrida, o árbitro recorreu às imagens do VAR para se assegurar da decisão, que manteve. No processo, Petit foi expulso devido a protestos.