Foi até ao fim, mas de pouco valeu. Apesar da reviravolta e da vitória frente ao Nacional nos descontos, o Rio Ave não conseguiu sair do 16º lugar da tabela classificativa e vai mesmo ter que jogar o play-off de manutenção, frente ao 3º classificado da Segunda Liga, para tentar garantir a permanência na Liga NOS, naquela que será a sua última e derradeira oportunidade.
Apesar de já saber que na próxima temporada jogará na Segunda Liga, depois da derrota na última jornada frente ao Famalicão (3x0), Manuel Machado não mexeu muito no onze inicial e fez quatro alterações, colocando Witi, Dudu, Éber Bessa e Róchez nos lugares de Rúben Freitas, João Vigário, Rúben Micael e Pedro Mendes. Do outro lado, Miguel Cardoso fez três alterações, em relação à derrota com o FC Porto (3x0), para este encontro decisivo, fazendo entrar Meshino, Pelé e Guga para os lugares de Nélson Monte, Rafael Camacho e Tarantini.
Sabendo da importância deste jogo para conseguir a manutenção, Miguel Cardoso mexeu a nível tático e "desistiu" do 3x4x3 que tanto utilizou nas últimas jornadas, apostando no 4x3x3 para esta partida, que lhe conferia mais gente no miolo e mais consistência defensiva. Essa opção trouxe frutos cedo e com apenas um par de minutos a pressão alta vilacondense surtiu efeitos, mas Carlos Mané falhou a emenda na cara de António Filipe, que iniciou aí uma grande performance.
O golo, apesar de prejudicial, trouxe bom efeito para o Rio Ave, que começou a jogar com mais intensidade e apostar forte na velocidade e nas diagonais dos seus alas (Meshino e Carlos Mané). O extremo nipónico foi sendo dos mais inconformados, tentou várias vezes cortar para o meio e rematar ou aparecer na ala contrária para desequilibrar os defesas, mas faltou-lhe algum apoio e movimento de Gelson Dala. E quando esse apoio e trocas resultavam, havia um homem em grande plano do outro lado: António Filipe.
O guardião português foi travando todo o tipo de oportunidades e foi levando ao desespero os adversários, que não encontravam maneira de o ultrapassar. Além disso, o bloco muito baixo do Nacional, que foi conseguindo controlar a profundidade, impedindo bolas nas suas costas, deu espaço ao meio-campo do Rio Ave, mas dificultou entradas na sua grande área. Ao intervalo, face à combinação de resultados, o Rio Ave continuava em 16º, mas precisava de muito mais se queria garantir a manutenção direta.
Com o regresso dos balneários, chegou também um ligeiro nevoeiro no Estádio da Madeira, mas nem isso tapou os olhos do Rio Ave para a baliza e os vilacondenses, à semelhança do final da primeira parte, entraram muito fortes e precisaram apenas de alguns minutos para empatar, com Aderllan Santos a aproveitar o cruzamento de Guga para relançar as contas do fundo da tabela da Liga NOS.
Como não podia faltar algum drama nesta reta final de campeonato, à entrada para os últimos dez minutos os ânimos ficaram exaltados quando Júlio César rasteirou Gelson Dala dentro da área do Nacional. O Rio Ave pediu prontamente grande penalidade, mas Artur Soares Dias, após consultar o VAR, destroçou os sonhos vilacondenses ao considerar que não havia penalti. No entanto, o verdadeiro golpe de teatro chegou já nos descontos, quando Carlos Mané aproveitou um cruzamento milimétrico de Sávio para, ao segundo poste, confirmar a reviravolta e a vitória inglória do Rio Ave.
Com este resultado e tendo em conta os restantes jogos desta jornada, que foram disputados à mesma hora, o Rio Ave não foi capaz de sair do 16º lugar e vai mesmo ter que disputar o play-off de manutenção frente ao 3º classificado da Segunda Liga.
Apesar de, à entrada para esta jornada, já saber que tinha descido, o Nacional mostrou que não estava neste jogo para cumprir calendário e defendeu-se bem. É verdade que não brilhou no ataque, mas defensivamente o Nacional esteve muito bem, com António Filipe em grande plano.
É verdade que a reação na segunda parte do Rio Ave foi bastante positiva, mas a entrada em falso no jogo, que culminou com o golo do Nacional, dificultou muito a vida aos vilacondenses. A falta de eficácia também foi excessiva.
Artur Soares Dias teve uma primeira parte tranquila, mas na segunda parte a história foi outra e por um par de ocasiões o Rio Ave pediu grande penalidade. No entanto, o árbitro ajuizou aparentemente bem. No primeiro, os habituais agarrões, neste caso recíprocos, dentro da área madeirense. No segundo, a bola vai à mão de João Vigário, mas estava junto ao corpo.