Frederico Varandas disse recentemente que Keizer «foi uma aposta de risco para 99% das pessoas, para mim, não foi risco nenhum». Mas, convenhamos, que nem nos melhores sonhos do presidente do Sporting ele imaginou que ao fim o 7º jogo, o treinador holandês ia ter sete vitórias e 30 golos marcados. Nem Varandas, nem Keizer, nem os jornalistas e nem o mais otimista adepto imaginaria isto.
Ao 7º jogo surgiu o apuramento para os quartos de final da Taça de Portugal com uma vitória por 5x2 frente ao Rio Ave e a confirmação de que Keizer está perto de ser «levado em ombros» de Alvalade.
Keizer tinha dito que preferia ganhar por 3x2, do que por 1x0 e o certo é que a equipa segue isso à risca. Mesmo com o Rio Ave a jogar muito menos do que fazia no início da temporada, a equipa de José Gomes fez dois golos e teve oportunidades para marcar mais, só não conseguiu acalmar a avalanche ofensiva leonina.
E, como em qualquer boa lua de mel, deve-se começar cedo a encantar a companheira/o. Por isso, e sem que os adeptos se tivessem esquecido do bom casamento, já Diaby estava a festejar um golo, no primeiro lance verdadeiramente construído e na primeira assistência de Acuña.
Os leões reduziram o ritmo, talvez fruto dos muitos jogos e também do facto de as lesões estarem a obrigar a uma rotação mais curta. Apesar disso, o Rio Ave fez jus ao seu mau momento (uma vitória em seis jogos) e passou praticamente 40 minutos afastado do futebol ofensivo. Apenas apareceu nos minutos finais do primeiro tempo com Dala a falhar uma grande oportunidade e com Bruno Gaspar a desviar um cruzamento de Matheus Reis para um auto-golo.
Só que antes desse bom momento do Rio Ave, já o Sporting, sem forçar, tinha feito mais golos. Bas Dost à matador e Bruno Fernandes numa bomba, após mais uma assistência de Acuña, davam uma vantagem tranquila. Tudo somado, podemos dizer que a lua de mel entre Sporting e adeptos não precisou de muita intensidade para ser memorável para as duas partes. Uma vantagem de 3x1 e uma certeza de que não há termo de comparação entre o antigo Sporting e o Sporting versão Keizer.
O Rio Ave ainda teve um bom momento, fruto da mexida tática de José Gomes, que colocou Carlos Vinícius no lugar de Diego Lopes, mas depois só Leo Jardim impediu que a média de golos leonina com Keizer fosse atingida nos minutos iniciais. O guardião negou por duas vezes o golo a Bruno Fernandes e dava ainda esperança aos vilacondenses.
Só que o golo da equipa da casa adivinhava-se. A pressão do meio-campo dos leões retirava argumentos ao Rio Ave e dava espaço ao Sporting para atacar. Foi assim que surgiu o 4x1. Recuperação, jogada pela esquerda, cruzamento de Jovane e golo de Dost. O quinto só não surgiu logo depois porque o avançado holandês tentou oferecer o golo a Bruno Fernandes, em vez de ir para o hat-trick.
A crónica deste jogo fez-se de golos e quase que pode terminar com golos. Diaby fez o 5x1 em mais uma transição rápida e o Rio Ave reduziu de grande penalidade. O mais fácil para resumir este jogo é escrever que se tivesse terminado 6x5, 5x4 ou 7x4 ninguém tinha achado estranho, tal o número de oportunidades das duas equipas.
O Sporting está nos quartos de final da Taça de Portugal em mais um jogo que é a cara da equipa. Grande futebol ofensivo, defesa a fazer muitas faltas e a sofrer golos, mas com os adeptos a saírem de Alvalade a sentirem que o seu dinheiro do bilhete e o seu tempo foi bem gasto.