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    História da Edição

    Liga das Nações 2018/19: a primeira é nossa!

    Texto por Ricardo Miguel Gonçalves
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    Muitos jogos amigáveis de pouco ou nenhum efeito prático e muitos jogos completamente desnivelados entre as maiores e as menores seleções da Europa. Foram estes os motivos que levaram a UEFA à criação da Liga das Nações.

    Portugal ainda não o sabia, mas a criação desse novo troféu levou a equipa nacional a uma estrada que só terminou com o erguer do segundo troféu da sua história, em pleno Estádio do Dragão, apenas três anos depois da conquista do Euro 2016. Foi assim que a história se desenrolou...

    Uma nova competição

    Tudo começou em outubro de 2013, quando pela primeira vez chegaram a público os planos da UEFA para a criação de um terceiro torneio oficial ao qual as seleções europeias teriam acesso, além do Euro e Mundial.

    O objetivo era simples. Em primeiro lugar, erradicar (ou perto disso) a montanha de jogos particulares que as seleções iam tendo no seu calendário e, acima de tudo, dar a todas as equipas do futebol europeu a oportunidade de jogar mais frequentemente contra adversários de um nível mais próximo ao seu, permitindo uma melhor preparação para as seleções de topo e uma plataforma para a evolução das menores.

     A 27 de abril de 2014, num congresso UEFA, as 54 federações votaram, de forma unânime, a favor da criação da Liga das Nações. Estava dado o primeiro passo.

    Uma nova competição de seleções @Tullio Puglia - UEFA / Getty Images
    Como funcionaria? Na verdade, de uma forma completamente distinta de qualquer outra prova internacional. As 54 seleções foram divididas por quatro escalões, aos quais chamaram de «Ligas», e foram criados grupos dentro de cada uma dessas Ligas A, B, C e D, sendo a «Liga A» aquela onde se encontravam as melhores seleções e a «D» contendo as piores. 

    A beleza do sistema está no facto de não ser fechado, permitindo a progressão de as seleções que corresponderem da melhor forma em campo. Isso sucedia através da promoção e despromoção entre Ligas, com os vencedores de cada grupo a subir de divisão e os últimos classificados a descer. Na Liga A, os vencedores de cada um dos quatro grupos saltam para a fase final. É aí que entra em cena um troféu.

    Portugal com caminho aberto

    A primeira edição desta nova Liga das Nações foi em 2018/19. A fase inicial foi disputada entre setembro e novembro de 2018, em três pausas internacionais, e o sorteio colocou Portugal no terceiro grupo da Liga A, ao lado de Itália e Polónia.

    Portugal arrancou com uma vitória sobre Itália @Carlos Alberto Costa
    Ora, a seleção comandada por Fernando Santos era tecnicamente a favorita, em parte por ainda ser campeã europeia em título, e confirmou esse estatuto. Venceu Itália no primeiro jogo (1-0) e também saiu vitoriosa da Polónia (2-3), tanto que os dois empates (0-0 e 1-1) na segunda volta foram mais do que suficiente para vencer o grupo.

    Os Países Baixos venceram o grupo 1 através da diferença de golos, a Suíça fez o mesmo no grupo 2 e a seleção de Inglaterra venceu o grupo 4, de maneira que estavam encontradas as quatro seleções que participariam, no verão seguinte, na primeira final-four da Liga das Nações. Portugal foi o mais sortudo e foi selecionado para ser o anfitrião desse encontro a quatro.

    Chegou, então, o quinto dia de junho. No Estádio do Dragão, Portugal recebeu a Suíça no primeiro jogo a eliminar na história desta competição e... fez o seu trabalho.

    Hat.trick de CR7 decidiu @Getty / Gualter Fatia
    Cristiano Ronaldo, já com 35 anos e no fim do seu primeiro ano na Juventus, abriu o marcador de livre. A seleção helvética empatou na segunda parte, mas CR7 tratou de resolver e voltou a marcar, aos 88 e aos 90, para assinar o 3-1 e um histórico hat-trick que colocou a equipa das quinas na terceira final da sua história, com caminho aberto para o segundo troféu.

    Troféu não saiu de Portugal

    Um dia depois de Portugal ter garantido o seu bilhete para o jogo decisivo, os Países Baixos e Inglaterra alinharam na outra meia-final, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Nesse duelo, a seleção inglesa até começou por cima e levou uma vantagem de um golo para o intervalo, mas os neerlandeses empataram e depois marcaram mais duas vezes no prolongamento para fixar o 3-1 no marcador.

    Estavam encontrados os participantes na primeira final da história da Liga das Nações. Portugal e Países Baixos. Um adversário difícil, sem dúvida, mas que realisticamente também era acessível, especialmente com a benesse do fator casa. Foi, então, no dia 9 de junho que Portugal voltou a alinhar no Estádio do Dragão, perante mais de 40 mil adeptos que desesperavam por ver aquilo que tinha falhado em 2004: uma conquista em casa. 

    Vitória no Dragão @ Jan Kruger / Getty Images
    O favoritismo foi sentido ao longo de uma primeira parte em que Portugal esteve por cima e, mesmo não criando oportunidades verdadeiramente flagrantes, apoiou-se em Bruno Fernandes para várias tentativas. Na segunda parte, favoritismo confirmado quando Gonçalo Guedes, num jeito tão ederesco, atirou forte para aquele que seria o único golo do jogo. 

    No fim, talvez por ser a edição inaugural da competição, muitos portugueses não sabiam bem que tipo de celebrações se justificavam. Certo é que, ao ver a alegria nas bancadas do Dragão, bem como a do capitão CR7 na hora de levantar o troféu, não foram poucos que se lançaram às ruas para cantar uma vez mais a glória europeia...

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