Ninguém se ficou a rir no fundo da tabela. Depois das derrotas de Marítimo e Santa Clara, o Paços de Ferreira, que até esteve a ganhar, perdeu com o Casa Pia, por 2-1.
Os Gansos sofreram em cima do intervalo, na sequência de um golaço de Paulo Bernardo, mas as alterações de Filipe Martins foram determinantes para que o Casa Pia voltasse aos golos e às vitórias.
Numa jornada em que Santa Clara e Marítimo perderam, César Peixoto procurou encontrar uma solução que permitisse conquistar pontos para conseguir uma aproximação aos lugares de play-off. Nesta guerra que é a da manutenção, o técnico dos Castores decidiu apostar numa arma secreta frente ao Casa Pia.
O nome de Paulo Bernardo não é fora da caixa. Bem conhecido dos portugueses, por ter jogado e pertencer ao Benfica, mas também por ser jogador de seleção sub-21, o médio já tinha dado indicadores de que poderia saltar para o onze a qualquer altura. Pode dizer-se que saltou no momento certo.
Os Gansos atravessavam o pior momento da época e, ao contrário do que aconteceu com o Paços de Ferreira, viram os rivais na luta (ainda que não assumida) pela Europa vencerem as suas partidas. Por isso, Filipe Martins fez o oposto: apostou em armas mais conhecidas. Godwin, Taira e Leonardo Lelo voltaram ao onze, numa espécie de regresso às origens para o Casa Pia.
Não se pode dizer que as duas estratégias não tenham resultado, uma vez que o equilíbrio imperou ao longo da partida. O Paços de Ferreira, com Holsgrove nos postos de comando, estava mais organizado com bola, enquanto o Casa Pia ainda procurava fazer Godwin regressar à boa forma.
Quando o quarto árbitro levantou a placa com os três minutos de compensação, o empate não surpreendia ninguém, apesar de o Casa Pia ter acertado na trave, por Ângelo Neto, e o Paços de Ferreira no poste, por Gaitán. Foi aí que entrou a arma secreta, num tiro certeiro que Ricardo Batista não pode, nem conseguia, parar. Golo do ano? Veja e deixe a sua opinião.
No futebol, é comum dizer-se que não há pior altura para sofrer (e melhor para marcar) do que em cima do intervalo. O motivo é simples: além de mexer com a mente dos jogadores, altera por completo a estratégia dos treinadores. Talvez tenha sido por isso que Filipe Martins demorou a reagir.
O início da segunda parte tinha todos os indícios de mais um jogo em que a equipa em vantagem ia baixar linhas e defender a sua baliza, contra uma equipa sem ideias e armas para causar perigo. As mãos geladas de Marafona, como as de quem vos escreve, provavam isso mesmo, até que Filipe Martins mudou.
A primeira mudança foi provocada pela lesão de Lucas Soares, que levou ao recuo de Soma para a posição de ala, mas a decisiva aconteceu mais tarde. A entrada de Romário Baró acabou com o bloqueio ofensivo do Casa Pia e a partir daí tudo ficou mais fácil e mesmo os melhores elementos do Paços de Ferreira, como foi, ao longo de quase todo o jogo, Maracás, erraram.
Com o autogolo do defesa pacense, era a vez de César Peixoto responder. Voltando à metáfora das armas, o técnico viu-se obrigado a escolher as que mais se adequavam para este momento. Com as derrotas dos rivais e o jogo com o Santa Clara já a seguir, o empate não seria assim tão mau, por isso a reação foi deixar tudo na mesma.
Sem criar perigo, o Paços tentou segurar o resultado menos mau e acabou por perder o que tinha construído com o golo de Paulo Bernardo. Marafona ainda evitou o 2-1 com uma grande defesa, mas Fernando Varela estava na área adversária e fez o golo da reviravolta.
Depois, César mudou, mas já foi tarde. O próximo jogo é, agora mais do que nunca, uma final para os Castores.
Filipe Martins viu uma equipa pouco ativa na primeira parte e puxou pela reação depois do golo de Paulo Bernardo. O primeiro impacto foi nulo, mas as boas mexidas do treinador provocaram a reação necessária. O Casa Pia soltou-se e alcançou uma reviravolta que fez por justificar.
O golo de Paulo Bernardo podia ter servido para moralizar a equipa de César Peixoto para a conquista de três pontos que podiam fazer toda a diferença no fim do campeonato, só que a segunda parte foi pouco conseguida. Depois do golo, o técnico manteve tudo na mesma e o Casa Pia, que estava claramente por cima, aproveitou para chegar à reviravolta. Sem reação era difícil segurar a vantagem da primeira parte.
Seguiu os lances de perto e por isso acabou por gerir bem o encontro. Manteve o critério ao longo da partida, o que nem sempre acontece por cá.