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Daniel Airoso, 22 anos, internacional A pela seleção de futsal do Brasil. Ainda não era quando chegou a Portugal – e tinha 21 anos, ainda – mas a vinda para o nosso país revelou-se talismã.
Ao serviço do Eléctrico por empréstimo dos espanhóis do Palma, Daniel Airoso conversou com o zerozero sobre passado, presente, e futuro, num estilo sereno e focado, e, sobretudo, feliz pelo facto de as coisas lhe estarem a correr bem, e de estar a concretizar os seus sonhos.
 | Daniel Airoso 4 títulos oficiais |
É um jovem talento que escolheu o futsal pela única razão que importa: era o desporto em que se divertia mais.
A infância e adolescência do jovem brasileiro foi passada a jogar à bola. Esta informação não nos surpreendeu (alguém ficou surpreso?), mas há um detalhe interessante: Daniel jogou futsal e futebol, em simultâneo, durante vários anos. «Eu jogava os dois, até aos 17 anos. Comecei num clube perto de onde eu moro, joguei lá desde os 9 anos até aos sub-17, e aí tive que escolher entre o futsal e o campo, e foi aí que eu vi que era apaixonado por futsal de verdade.»
A escolha, diz-nos, não foi difícil. «Sempre gostei mais de jogar futsal, pela intensidade, acho sempre mais divertido porque você sempre está com a bola no pé e nesse momento eu escolhi o futsal.»
Hoje, o futsal é uma parte importante da sua vida, o seu ganha-pão, uma realidade que «nunca imaginava, quando eu era criança, que eu ia viver disso. Não me passava pela cabeça.» Na verdade, quase nada do que aconteceu na vida do nosso entrevistado parece ter-lhe passado pela cabeça como uma possibilidade, além de um sonho. «Quando eu cheguei ao Corinthians no primeiro ano fui chamado para a seleção sub20, também não imaginava.» Afirma-o sem qualquer pretensiosismo, é só que «as coisas foram acontecendo muito rápido», explica-nos.
A ascensão da carreira de Airoso foi, de facto, rápida. Chegado ao Corinthians surgiu a seleção sub20, e isso fez com que surgisse o interesse de clubes europeus. O destino foi o Palma, em Espanha. Porquê? «Foram diversas coisas. Toda a gente fala muito bem do Palma, há muitos brasileiros lá, e toda a gente fala bem da Liga espanhola, então, quando surgiu a proposta eu nem pensei duas vezes.»
A experiência não foi tudo o que Daniel queria, mas deu para ficar com a certeza de que «realmente as melhores ligas do mundo estão aqui [na Europa]». No entanto, as dificuldades de adaptação condicionaram a primeira época no Velho Continente, e, na segunda temporada, o destino foi Portugal.
«Tive bastantes [dificuldades de adaptação], principalmente na marcação. Sempre foi uma coisa em que tive que melhorar - e fui melhorando com o tempo -, mas quando eu cheguei no Antequera, quando fui emprestado, já me punham a jogar, então não tive tempo de adaptação como tive em Portugal. [A Portugal] cheguei desde o início da época, lá cheguei a meio, com a equipa fechada, eu tive que entrar e encaixar-me ali. Aqui não, tive o tempo da pré-época e tudo, o clube deu-me confiança, tempo para ir progredindo, e graças a Deus deu tudo certo.»
Daniel Airoso jogou no Brasil, sua terra natal, em Espanha e, agora, em Portugal. Era inevitável perguntar sobre as diferenças entre as ligas, e a resposta pode surpreender – surpreendeu até o próprio atleta. «Eu acho que a principal [diferença] é a intensidade do jogo. No Brasil são jogos intensos também, mas em que ficas mais com a bola no pé, um jogo mais pensado.»
Na Europa, o jogo é encarado de forma diferente, «é mais intensidade, há sempre uma marcação em cima, bastantes transições também, então jogas 3 minutos e já estás a morrer. No Brasil há aquele tempo de descanso na quadra, ficas mais com a bola, e dá para descansar um pouco mais.»
E que diferença notaste entre Portugal e Espanha, Daniel? «Não notei muita. Eu achei que ia ser bem diferente, mas acho que são duas ligas muito parecidas, todos os jogos são muito nivelados, e não há nenhum jogo que se diga “este jogo vai ser fácil”. Não há muita diferença, as duas ligas são muito competitivas.»
Agora que conhece a realidade portuguesa, pode afirmar com propriedade que as ligas são parecidas. Mas, se não sabia disso antes, como se processou a vinda para o Eléctrico? «Eu conversei com o meu agente. Na verdade, eu tinha algumas propostas, de Espanha inclusive, mas ele disse que eu precisava disso, de uma nova liga para começar do 0 mesmo, porque em Espanha não estive bem. Sentei-me com ele e ele disse-me que [em Portugal] eu ia ter oportunidades, conhecer um país novo, pessoas que falam a mesma língua, portanto já não ia ter essa dificuldade, e que a liga é sensacional também e que eu ia ter o tempo de adaptação. Ia começar de início com a equipa, desde a pré-temporada, e vai se encaixando.»
É seguro afirmar, então, que o agente tinha razão. «A melhor coisa que fiz foi ter vindo para cá.»
O Eléctrico tem feito uma época bem conseguida. Esta é uma perceção unânime para quem gosta de futsal, e, pelos vistos, não foi preciso nenhuma poção mágica para fazer as coisas resultar. Então, qual é a chave? «Acho que é o coletivo, mesmo. O nosso grupo é muito unido, o nosso dia a dia é ótimo. Claro que, na hora de trabalhar, é um contra o outro, mas o nosso balneário é muito bom. Desde o começo que estamos sempre juntos, sempre unidos, e acho que o principal ponto foi esse. E bastante trabalho, também.»
No Alentejo, há camaradagem e «muita vontade de vencer», mas, acima de tudo, uma abordagem de pés bem assentes no chão. «Estamos a ir jogo a jogo, não estamos a dar passos maiores que a perna, e estamos a procurar trabalhar todos os dias, cada vez mais, para poder chegar aos play-off, classificarmo-nos bem, para conseguir chegar o mais longe possível.»
Não há é falsas modéstias, pois, contra factos, não há argumentos. «Acho que já superarmos bastantes expetativas esta época sobre o que seriamos capazes, acho que estamos a fazer um bom ano, e queremos aumentar isso, passo a passo, cada dia mais. E se Deus quiser conseguir algum título, quem sabe? Ainda estamos a disputar dois, o campeonato e a Taça de Portugal, e quem sabe? Vamos passo a passo e sempre a tentar melhorar.»
Sonhar é de graça, e, caso não estejam a prestar atenção, os sonhos de Daniel Airoso tendem a concretizar-se, mais tarde ou mais cedo.
O ala brasileiro ainda tem contrato com o Palma, mas o futuro pode não passar por lá. Então, passará por onde? Por aqui ou por lá. Ou por outro sítio qualquer. «Não sei ainda, vou esperar terminar a época, conversar com o meu agente e com o Palma.» Airoso mantém-se tranquilo e focado no trabalho diário. O que tiver que vir, virá, e, para ser feliz amanhã, não tem que necessariamente mudar alguma coisa. «Não sei o que pode acontecer. Pode ser que eu fique, pode ser que eu vá, está tudo em aberto.»
É um futuro em aberto, mas avizinha-se de sucesso, especialmente tendo em conta que um dos maiores sonhos já foi concretizado, com apenas 22 anos: ser internacional A pelo Brasil. O nosso entrevistado já tinha representado o seu país, no escalão sub20, e explica-nos o seu ponto de vista: «eu acho que a seleção do Brasil, em relação a jogadores, é a que mais tem variedade de poder selecionar. São muitos jogadores bons, e tens que estar sempre a alto nível para puderes ser visto.»
Por esta razão, não esperava ser convocado para a Copa América 2022. E não esperava mesmo. «Não fazia ideia. Estávamos na pausa para o Europeu, eu estava em Lisboa, a viajar com o Ferrugem e as nossas mulheres, e o diretor ligou-me e disse, e eu achei que era brincadeira.» A franqueza com que Airoso fez esta afirmação arrancou-nos uma gargalhada. Ainda agora parece não ter processado a informação na sua plenitude, a julgar pela expressão facial. «Não acreditei. Depois do Campeonato do Mundo, a Copa América é o campeonato mais importante para o Brasil, e eu estava ali entre os melhores do mundo, Ferrão, Pito, posso dizer tantos nomes! Eu não acreditei. Achei que estava numa pré-lista que ainda ia ter mudanças, mas quando saiu e eu realmente estava começou a cair a ficha. Quando eu cheguei lá é que vi que eu estava com eles, mesmo, e disse “é, aconteceu mesmo”.»
A Copa América «foi uma experiência incrível». Não foi dos jogadores mais utilizados, mas também não estava à espera de o ser. «Eu aprendi muito. Todos os dias procurei escutar todos os jogadores, eram todos muito parceiros, muito amigos, muito fechados entre nós. Procurei aprender, e entendi que não tive muitos minutos porque era a minha primeira convocatória. Mas foi uma experiência incrível, a melhor da minha carreira até agora, e espero conseguir ser chamado mais vezes.»
É para esse objetivo que vai continuar a trabalhar: afirmar-se n’ A Seleção, «conseguir mais oportunidades, mais minutos, para mostrar que eu sou capaz de estar ali, e se Deus quiser vou ter mais oportunidades.»
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NomeDaniel Airoso Silva Nascimento/Idade1999-08-31(24 anos) Nacionalidade Brasil PosiçãoAla | |
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![Qualificação Mundial [CONMEBOL]](/img/bandeiras/35_comp_wc cmb.gif "Qualificação Mundial [CONMEBOL]"){kind=small}
