Está feita a prova de vida

Quase três meses depois e após nove jogos, o Rio Ave regressou aos triunfos para a Liga. Os vilacondenses bateram o Boavista por 2-0 num desafio repleto de emoção, muitos nervos e onde valeu aos rapazes de Luís Freire a eficácia em toda a linha: na frente e atrás.

Talvez pela ansiedade da ausência de vitórias, talvez pelo último lugar, na entrada para este domingo, o Rio Ave entrou na partida muito receoso. O Boavista não foi melhor, mas soube aproveitar as incertezas vilacondenses para marcar o ritmo nos primeiros minutos.

Com uma posse de bola rápida e dinâmica, os axadrezados quebraram as linhas de pressão criadas pelos homens de Luís Freire e a chegada à área aconteceu várias vezes. Makouta e Salvador Agra tiveram com maior destaque pelo lado direito, mas foi o remate em arco de Miguel Reisinho que colocou Jhonatan em alerta.

Rio Ave e Boavista disputaram um jogo muito intenso @Catarina Morais / Kapta +

Saber respirar

A formação de Vila do Conde, apesar de alguns desacertos nos primeiros minutos, não fugiu da sua forma de pensar e aos poucos cresceu no desafio. O trabalho de pressão dos homens da frente, assim como o facto de Guga Rodrigues e Amine Oudrhiri se terem aproximado mais do setor atacante ajudou a que o Boavista ficasse desconfortável e o Rio Ave melhorou.

A equipa de Vila do Conde foi muito eficaz a transportar a bola quer para o ataque, quer a variar os flancos. Quase sempre com Guga a pautar o ritmo, os vilacondenses chegaram ao golo dessa forma: o médio combinou com Costinha e o ala direito tirou um cruzamento perfeito que Fábio Ronaldo desviou de cabeça, antecipando-se a João Gonçalves.

O Rio Ave marcou no primeiro lance de perigo da partida, mas fez por criar a oportunidade. Os rapazes de Luís Freire exploraram a largura que Makouta deu ao jogo do Boavista e exploraram com grande mestria o espaço no meio campo.

Boateng fez o segundo golo @Catarina Morais / Kapta +

Pecados capitais

Insatisfeito com o resultado, o Boavista entrou muito autoritário no segundo tempo. Bozenik deu a primeira ameaça, após uma excelente combinação do ataque das panteras. Mas, depois, Abascal cometeu um daqueles pecados que nenhum central deve fazer: saiu a jogar no meio de tantos adversários, perdeu a bola, André Pereira obrigou João Gonçalves a defesa estrondosa, mas Boateng foi eficaz na recarga e fez o segundo golo.

Mesmo com dois golos de diferença, o Boavista comandou a segunda parte. Os rapazes de Petit foram muito audazes na forma como condicionaram o Rio Ave: Tiago Morais abriu o livro pela zona central, utilizando movimentos curtos e de rutura com Bozenik e Bruno Onyemaechi. Rio Ave passou por muitas dificuldades.

O caudal ofensivo do Boavista foi muito grande, apesar dos lances de perigo não corresponderem na mesma medida. Ainda assim, os axadrezados, aos 71 minutos, marcaram: Tiago Morais recuperou uma bola, após um corte de André Pereira, e marcou com grande classe, mas o árbitro da partida, Cláudio Pereira reverteu o lance, depois de ter visto as imagens.

Petit foi expulso no final do encontro @Catarina Morais / Kapta +

A decisão abalou a formação da cidade do Porto, que apesar de ter continuado a ter mais bola e a ser mais perigosa, nunca mais conseguiu quebrar a linha defensiva do Rio Ave.

O jogo terminou debaixo de grande tensão, com muita gente do banco do Boavista a ser expulsa e o Rio Ave a segurar os três pontos, algo que não acontecia em Vila do Conde desde a 1ª jornada. Do outro lado, o Boavista está há cinco jogos sem ganhar na Liga.