Não, caro leitor. D. Sebastião não reapareceu entre o nevoeiro, mas deve ter sido por pouco. Num horário convidativo, o Estádio do Bessa encheu-se de uma nuvem densa que dificultou aos presentes assistir ao jogo. Mesmo assim, enaltecemos a presença sentida dos adeptos algarvios que, mesmo pouco se vendo, fizeram-se ouvir no topo do palco.
Assim, no meio do nevoeiro, acabou por sobressair a garra dos leões de Faro, com o Farense a vencer o Boavista por 1-3
Boavista, Boavista, Boavista. Uma tempestade nortenha abateu-se sobre a área de Ricardo Velho sem descolar de terra. Um constante tormento no meio-campo algarvio sem se deixar abater.
O Farense mostrava muita dificuldade em sair do meio do tornado axadrezado, tal era a força que mostrava em campo. Os comandados de José Mota bem tentavam, porém não conseguiam «dar à costa» e encontrar João Gonçalves. Mas encontraram.
No momento mais crítico da primeira parte, o Farense encontrou a brecha - ou, simplesmente, Chidozie ofereceu essa mesma brecha. Talocha encontrou uma saída e Elves Baldé furou a tempestade. E, de repente, o nevoeiro levantou (literalmente).
Levantou e os algarvios, como já sabiam o que fazer para contornar a intempérie, permaneceram em pressão alta máxima para não deixar que tudo acontecesse de novo.
É apenas uma expressão que quer dizer «controlar os danos causados ou por causar». Foi neste modo que o Boavista, ao contrário do que mostrou ao início, entrou. O Farense mostrava saber controlar a tempestade. Mostrava agilidade no que pretendia, o que, no princípio, não era bem assim.
Petit viu tudo a acontecer da bancada. Suspenso, o treinador dos axadrezados mostrava uma visível preocupação com acontecimentos. A mão na cara em aparente desespero acabava por não enganar.
Continuava esse mesmo damage control. Nada atava ou desatava. A tempestade acalmou depois do grande sol algarvio momentâneo da primeira parte.
Até aparecer um grande trovão eslovaco. Robert Bozeník, do nada, apareceu como a tempestade em outubro. E o Boavista renasceu... por minutos.
Para fechar com um verdadeiro tormento, apareceu Fabrício Isidoro - após nova abertura de Chidozie. Uma tempestade infindável no caldeirão que o sol do Algarve conseguiu travar (que o diga Rafael Barbosa que fez o sol sorrir com um golaço que nada nem ninguém faria prever).
Depois de um início de jogo caótico por parte do Farense, a verdade é que os algarvios souberam aproveitar o grande erro cometido por Chidozie para chegar ao golo. Daí para frente, o Boavista caiu animicamente e os leões de faro aproveitaram o embalo.
Há erros primários que num escalão destes nunca se podem cometer. O que Chidozie faz no golo inaugural deste encontro é um desses mesmos erros que falamos. Deitou abaixo por completo o que de bom o Boavista estava a potenciar no encontro.
Sem grandes casos a ter de ajuizar, André Narciso teve uma arbitragem relativamente tranquila no Estádio do Bessa. No entanto, há que ressalvar o critério muito largo na atribuição de cartões - alguns ficaram por mostrar.