Respira, Paços, respira! A equipa de César Peixoto chegou finalmente à dezena de pontos, depois de vencer o Estoril Praia por 1-3, e ainda festejou a derrota do Marítimo em Portimão, que deixa os Castores mais perto de sair do último lugar.
Um triunfo claro do último classificado da Primeira Liga, que mostrou, na Amoreira, que ainda nada está perdido.
A mentalidade é não desistir. É assim que o Paços de Ferreira tem encarado o campeonato desde a chegada de César Peixoto. O momento é, agora, o melhor da época. Insuficiente, ainda assim, para pensar em deixar o último lugar. Só que, apesar de não depender apenas de si, tal só pode acontecer se o Paços fizer pela vida, e os Castores estão a fazer!
A forma como a equipa de Paços de Ferreira começou o jogo no António Coimbra da Mota mostra que ali está uma equipa que não baixou os braços. Quando do outro lado está um Estoril a atravessar uma fase de inconsistência que é cada vez mais consistente, é o momento certo para a aproveitar. Foi isso que aconteceu.
Com intensidade, linhas subidas e muita agressividade na recuperação de bola, o Paços de Ferreira foi sufocante na primeira meia hora. Quem não soubesse como está a classificação, ficaria surpreendido.
Holsgrove pegou na batuta, Luiz Carlos assumiu o papel de elemento pressionante e na frente Thomas, Hernâni e Butze criavam dificuldades diferentes à equipa estorilista.
Depois da primeira ameaça, de Holsgrove, foi o escocês a encontrar a cabeça de Butzke para o 0-1. Seria de esperar que isso fizesse com que o Paços se resguardasse mais e tentasse congelar a partida, mas foi totalmente o oposto.
Juan Delgado teve um golo anulado por fora de jogo de Nigel Thomas, mas pouco depois foi o próprio Thomas a dilatar a vantagem dos Castores, com um remate que apanhou Dani Figueira e os adeptos estorilistas desprevenidos.
A vitória na jornada em atraso frente ao Boavista deu algum oxigénio a Nélson Veríssimo, mas a contestação ao treinador (e à equipa) não tardou a aparecer. Uma vez mais, o Estoril foi obrigado a correr atrás do prejuízo.
Com as linhas mais baixas e alguma demora na reposição de bola, o objetivo do Paços de Ferreira foi claro: manter a vantagem até ao intervalo.
Quando voltou dos balneários, o Estoril manteve-se no papel de equipa atacante com que tinha terminado a primeira parte - Gamboa quase marcou nesse período. Essa foi a fase de maiores dificuldades para a equipa de César Peixoto, que recuou mais do que certamente gostaria, deu espaço nos flancos e deixou que o Estoril entrasse na discussão pelo resultado com o golo de Geraldes, bem servido por Tiago Gouveia.
Só que, estranhamente (ou não), o Estoril deixou de ser tão intenso na procura da baliza de Marafona e o Paços, apesar da intranquilidade da tabela, teve essa tranquilidade em campo. Com a entrada de Paulo Bernardo, os Castores voltaram a ganhar o controlo do meio-campo e a vantagem de dois golos, numa jogada criada pelo médio emprestado pelo Benfica e finalizada novamente por Holsgrove, a assinar aí o destaque como homem do jogo.
A partir daí viu-se muito Estoril no meio-campo pacense, mas poucas ideias. Rodrigo Martins e Guitane entraram bem, mas Veríssimo, que arriscou pouco, nunca conseguiu encontrar as melhores ideias para voltar a entrar no resultado.
O Paços respira e acredita cada vez mais, até porque o Marímo perdeu em Portimão, já o treinador do Estoril voltou a acabar a partida contestado pelos adeptos canarinhos.
Não é fácil chegar a esta fase do campeonato ainda sem uma dezena de pontos e com os lugares de manutenção bem distantes, mas o Paços está a fazer pela vida e provou isso em campo. A equipa de César Peixoto apresentou-se com intensidade e confiança e encarou o jogo como decisivo, como deve encarar todos até ao final da época. O resultado está à vista.
Aqui e ali, há pormenores individuais interessantes, mas o coletivo estorilista parece funcionar quase sempre desses rasgos e pouco do trabalho nos treinos. Sem ideias para chegar com perigo à baliza de Marafona, Veríssimo mudou as peças, mas arriscou pouco para um jogo onde esteve em desvantagem praticamente desde início.
Algum excesso na frequência com que apitou falta em lances divididos, mas foi deixando jogar. Faltou pelo menos um aviso à equipa pacense na segunda parte, quando tentou claramente congelar o ritmo com reposições demoradas.