Há duas formas de encarar uma doença: ou se sucumbe, por entre lamentos e desesperos, ou se reage e, na fraqueza, se responde com atitude. O FC Porto ainda está doente, com sintomas que não são de agora e que explicam muito do que foi a temporada, mas há algo inegociável na postura de Sérgio Conceição e dos seus: cerrar o punho e enfrentar a doença de frente. Depois de três jornadas sem ganhar, os portistas já tinham apresentado melhorias na passagem à final da Taça, a meio da semana, e agora voltaram a fazê-lo, com um triunfo por 1-2 em Rio Maior.
Sofreram novamente e tiveram de contar com Cláudio Ramos para, qual médico de reserva (o residente Diogo Costa ainda permanece no boletim clínico), manter as pulsações regulares. Mesmo com suores frios, uma temperatura mais regular e uma boa injeção na luta pelo 3.º lugar. Isto no último jogo antes de uma decisão vital para o clube, no sufrágio do próximo sábado. Seja continuidade, seja mudança, o dragão precisa de estabilidade para que a saúde seja outra.
Até quando parece saudável
Outros estariam em aparente melhoria, mas com um défice que já parece crónico, antes da saída final. Taremi, a poder aproveitar a ausência do castigado Evanilson, demorou bastante a conseguir-se ligar a equipa e, estranhamente, pareceu muito mais distante dos companheiros do que a proximidade geográfica de uma equipa posicionada no meio-campo contrário poderia sugerir.
Por fim, os que não acertam com os medicamentos e permitem que o corpo do dragão continue sem qualquer imunidade, à mercê das flechas que lhes podem desferir. Tão distante da solidez de outras épocas, o setor defensivo voltou a ser permeável e, no contexto aparentemente mais favorável do jogo, expôs-se a um Casa Pia que não descurou a possibilidade de ainda evitar a derrota na ida para o intervalo.
Mesmo quando Nico González descobriu uma vitamina revigorante, num excelente pontapé, para que a equipa se voltasse a colocar em vantagem, a intranquilidade não desapareceu na equipa de Sérgio Conceição.
Também por mérito do Casa Pia, destemido e corajoso na vontade de ombrear com uma das equipas mais fortes do campeonato, ainda que em clara instabilidade. Gonçalo Santos rapidamente afastou o vírus da descida e, agora, pode valorizar os jogadores com posturas que também valorizam o espetáculo.
Na valorização dos pontos, que ainda é o melhor antídoto no futebol para as crises, o dragão levou a melhor.
Arbitragem com alguns lances de dúvida. Na primeira parte, apitou falta portista sobre Neto num lance em que não parece ter havido (e os dragões ficariam em ótima posição para marcar). No segundo tempo, dois lances na área portista, primeiro num pisão de Wendell (a bola ainda não estava em movimento), depois numa saída de Cláudio Ramos, a acabar. Em ambos, Manuel Oliveira decidiu bem ao não marcar penálti.
Baixou com a saída de João Mário e o recuo de Pepê, mas merece referência pela boa primeira parte que o FC Porto fez pelo lado direito. Francisco Conceição, aparentemente curado, entendeu-se muito bem com Pepê e ambos criaram enormes dificuldades a Lelo e companhia.
Cláudio Ramos mostrou ser bastante útil à equipa, mas não apaga o facto de ter sido dado espaço de sobra ao adversário para os contra-ataques. Otávio não esteve bem e os laterais também foram permeáveis.