A derrota azul e branca do passado sábado provocou, nos adeptos do futebol em geral, um misto de reacções diferentes consoante a afectividade a cada um dos três grandes. De facto, para além de FC Porto e Sporting se debaterem no relvado do Dragão, também o Benfica era parte interessada no resultado final, esperançado (ó futebol a quanto obrigas…) numa vitória do seu vizinho e rival da 2ª circular de forma a poder encurtar a diferença pontual para o líder.
Para os portistas, obviamente, o jogo de sábado foi uma desilusão. A inoperância da equipa, técnica e tacticamente, veio pôr a nu as fragilidades da equipa e incutir um receio quanto ao futuro do campeão nacional no que resta de campeonato. A verdade é que o FC Porto continua a demonstrar variadas carências, principalmente quando joga contra equipas consistentes, de organização de modelo de jogo e também de ordem física. É impressionante verificar, jogo após jogo, as limitações de um vagaroso Lucho, que anda em campo a passo, incapaz de organizar e defender a preceito. É, para mim, incompreensível a forma desajeitada e ineficiente de jogar de Postiga (ele que está na origem disparatada do golo do Sporting). Não compreendo as convocatórias, e agora a titularidade, dada ao jogador (!?) Alan, que teima em esbanjar oportunidades, sejam as dadas pelos técnicos ou as que surgem durante as partidas. Continuo a não perceber os recorrentes castigos (e a sua não convocatória) dados a Bosingwa, sem que ninguém esclareça, de facto, o que sucedeu.
Enfim, creio que o FC Porto navega em águas tumultuosas, com a diferença pontual esbatida e com um conjunto de lesões e quebras de rendimento acentuadas, sem que Jesualdo Ferreira pareça capaz de tomar decisões cruciais para a vitalidade da equipa e, sobretudo, parece-me algo intranquilo e negligente na hora de analisar o desenrolar da partida e suas contingências. No sábado, Jesualdo assistiu, impávido e sereno, ao controlo do jogo por parte do Sporting e quando já perdia limitou-se (para estupefacção geral) a trocar avançado por avançado (isto para não dizer que numa das substituições trocou um avançado por coisa nenhuma…). A indemnização paga ao Boavista pela sua contratação parece estar a sair cada vez mais cara ao FC Porto.
Quanto aos sportinguistas (e também aos benfiquistas que torceram irmãmente a seu lado), resta-me endereçar os parabéns por esta vitória no estádio do FC Porto mas referir que, ao contrário do que a maioria dos seus adeptos pensa, ela não se deveu a uma grande exibição da equipa leonina e da equipa de arbitragem, como ouvi e li em quase todos os meios de comunicação social. A equipa do Sporting foi, de facto, segura e consistente e aproveitou bem as carências do FC Porto. No entanto, as oportunidades de golo foram repartidas com os azuis e brancos e o pontapé de Tello surge contra a corrente do jogo. Já o afirmei anteriormente, o Sporting de Paulo Bento é uma equipa temível a defender e a jogar em condições adversas. O espírito de sacrifício e entreajuda dos jovens jogadores é notável e tem jogadores de futura notoriedade internacional como Moutinho, Veloso e Nani. Mas, neste jogo, não foram tão superiores ao FC Porto como acreditam.
Quanto à equipa de arbitragem liderada pelo lisboeta Pedro Henriques e contrariamente também ao exposto na generalidade dos media, não esteve bem. O que dizer de um árbitro que é permissivo em entradas mais ríspidas e que depois assinala uma “faltinha” de Postiga sobre Polga!? Que deixa um penálti escandaloso (e devidamente silenciado pelos comentadores do costume…) por marcar ao cair do pano!? Que tira um fora-de-jogo a Quaresma de forma inacreditável (em jogo para aí uns quatro ou cinco metros) quando este se dirigia para a baliza adversária!? Não quero com isto tirar mérito ao Sporting. Já afirmei que a vitória assenta bem ao Sporting, mais pela inoperância e demérito do FC Porto do que por capacidade própria. Mas, e não deixa de ser estranhamente coincidente, importa referir que basta o FC Porto perder uns pontinhos e ver os seus rivais a aproximar-se perigosamente da liderança para deixar de haver arbitragens polémicas e referências ao Apito Dourado. Principalmente porque se aquele lance de Polga e Pepe no último minuto tivesse originado, como devia, um penálti a favor do FC Porto e possivelmente o golo do empate, iriam chover telefonemas no escritório de Maria José Morgado e os CTT iam, seguramente, ter de assegurar horas extraordinárias para entregar, a tempo e horas, os inúmeros dossiers anónimos deixados nos seus marcos de correio…