O Benfica sabia que tinha vencer em Famalicão para evitar a celebração do título do Sporting, mas perdeu. Foi um 2-0 claro. Sem mácula. Limpinho. E assim as águias entregaram de mão beijada a faixa de campeão aos leões.
Tensão, palavra de ordem que saiu do balneário do Benfica com a equipa de Roger Schmidt para o jogo contra o Famalicão. Os encarnados tentaram assumir as despesas do jogo, mas as dinâmicas defensivas não foram as melhores.
O jogo, na verdade, não poderia ter começado melhor para o adepto comum. Dois golos, um para cada lado, alguns erros defensivos: o Famalicão na saída a jogar pelo guarda-redes; o Benfica no ataque ao espaço. Mas, Di María e Cádiz foram apanhados em fora-de-jogo e os festejos foram só ensaios.
O Famalicão teve uma grande capacidade de perceber os caminhos que o Benfica povoou e aplicou a receita de meter os seus jogadores mais rápidos a aparecer nessas posições.
Os homens de Armando Evangelista tiveram processos muito simples e com poucos toques, várias vezes, Puma colocou Carreras no bolso obrigou Trubin a brilhar entre os postes do Benfica.
As águias estiveram nervosas e revelaram muita dificuldade em ligar o seu futebol. Os encarnados aproveitaram os lances mais virtuosos de Di María e David Neres para apertar a defesa do Famalicão, mas a ideia de um futebol coletivo não existiu, durante os primeiros 45 minutos, por parte do Benfica.
O Benfica acertou agulhas ao intervalo e teve um início de segunda parte bem intenso. Roger Schmidt fez três alterações e as águias criaram muito perigo para a área de Luiz Júnior. Di María e João Mário, que subiu no terreno com as mexidas, meteram a defesa famalicense em sentido, mas os minhotos souberam lidar com essa tendência do jogo.
O Benfica teve grande capacidade em ligar o jogo, meteu Carreras a ter muita chegada à área, tal como Aursnes, mas esse fator permitiu a que o Famalicão pudesse explorar as costas da defesa encarnada.
As águias não deixaram que a ansiedade saísse da cabeça dos jogadores e o medo de não ganhar venceu. Os minhotos não precisaram de mais que uma oportunidade para atirar o Benfica ao tapete: Puma teve espaço, tempo e poder de finalização.
Ainda havia 20 minutos de jogo, mas sentiu-se no estádio que o Benfica perdeu o campeonato com esse golo. Youssouf fez o segundo aos 85 minutos e as águias desejaram pelo fim da partida, para sair de cena.
O Famalicão venceu com justiça, perante um Benfica curto e muito ansioso. As águias estiveram muito longe do que demonstraram noutras partidas, inclusive há poucas jornadas.
A equipa de Armando Evangelista tem um poder de ler o jogo notável. Depois de ter passado por alguns calafrios no início da segunda parte, o Famalicão soube eliminar a forma de jogar do Benfica e marcou com naturalidade.
O jogo do Benfica em Famalicão foi uma imagem do que várias vezes aconteceu durante a temporada. Uma equipa resignada com a forma de jogar dos adversários e sem o caudal ofensivo da última época. A saber que tinha de vencer para evitar a festa do Sporting, as águias entraram sem chama e saíram do jogo a suspirar de alívio.