Numa semana marcada, em matéria de campanha eleitoral, por tinta verde (um momento lamentável, diga-se), o Benfica foi vítima, tal como Luís Montenegro, de uma violenta carga que demorou uma hora (ou Morita), mas que teve em Di María o homem do resgate. Foi resgatado o resultado, que esteve em 2-0, 2-2, 3-1 e acabou 2-1 - dois golos anulados - e foi também resgatado Roger Schmidt, mergulhado numa inoperância demasiado perigosa durante esse período. Sem um remate sequer.
Foi, portanto, um resultado melhor do que a exibição... mas da parte de quem perdeu. O Sporting, como em várias vezes este ano nos jogos grandes, prometeu mais do que cumpriu. O Benfica, qual partido pequeno, contrariou as projeções do que se via e lançou candidatura ao Jamor.
Só é pena faltar tanto para a segunda-mão. No terceiro dia de abril.
Tanto, mas tanto Sporting. Tão, mas tão pouco Benfica. Quem, desinteressado pelo campeonato português, entrasse em Alvalade na fria noite de quinta-feira e não soubesse que se tratava de um duelo entre as duas equipas que se perfilam para discutir o título, não imaginaria tamanho equilíbrio nessa classificação. Foi um outro filme - que, na verdade, já tinha sido visto em parte do jogo que ambos disputaram na Luz.
Se, aí, havia superioridade numérica do Benfica não traduzida em domínio, pois claro que no resto só deu Sporting. As águias foram quase inexistentes nas saídas para o ataque, em constantes aventuras solitárias de Neres e Rafa que bateram sempre nos serenos centrais dos leões. Do outro lado, a capacidade de desequilíbrio foi constante, mais à direita, a explorar a solidão defensiva de Aursnes - foi daí que surgiu o golo madrugador. E nem tinha a ver com querer mais, que foi tudo uma questão de inteligência emocional e sabedoria com bola.
Também há uma solução para resumir os três parágrafos explicativos que acabámos de escrever: Rúben Amorim deu um banho a Roger Schmidt.
Não surpreendeu ninguém o segundo golo leonino, numa prosa de força e qualidade de Gÿokeres sobre Otamendi. Só surpreendeu que o leão não tivesse aproveitado para mais.
Até apontámos: foi aos 59 minutos, meio que enrolado, o primeiro remate das águias - a menos que cruzamentos que acabem nas mãos do guarda-redes já contem. Só que, a partir daí (embora não por isso), o Benfica mudou. A justificação veio de uma operação que até se poderia considerar complexa e brilhante, mas que só nada mais foi do que natural e lógica: Tengstedt foi a jogo e passou Schmidt a jogar com um ponta de lança.
Não foi tão rápido a mexer do outro lado, onde se pedia Nuno Santos mais cedo para aproveitar o espaço que o subido Benfica ia dando. Meteu-o perto do fim, a tempo de uma candidatura a Puskas anulada por fora de jogo.
É pena ser daqui a um mês, mas voltará a haver dérbi. Tudo se decide na Luz!
Que pulmão e que sabedoria nos duelos. Morita e Hjulmand foram fabulosos durante grande parte do jogo e esfumaram a tentativa de superioridade a meio que Schmidt tentou ter.
Impressionante a incapacidade do Benfica em fluir jogo para criar momentos de perigo durante toda a primeira parte. Mais uma vez, Schmidt abordou mal um jogo grande, mas safou-se na segunda parte.