Foi em Alvalade que tudo começou e foi em Alvalade que, oito meses depois, Portugal encerrou a fase de qualificação para o Euro 2024. Um círculo perfeito.
E não é com leviandade que falamos em perfeição! O apuramento já estava assegurado há mais de um mês, pelo que sobravam poucos objetivos, ainda assim, ao derrubar a Islândia este domingo, a equipa portuguesa conseguiu cumprir mais um: o inédito pleno de vitórias. 10 em 10, para aguçar o apetite dos portugueses nesta nova era da seleção.
Nas bancadas houve uma evidente evolução, em relação a esse primeiro jogo da era Martínez (4-0 sobre o Liechtenstein). Não em números, já que o estádio cheio é a norma, mas na intensidade com que os portugueses presentes mostraram o seu incansável apoio.
Em campo, o nulo manteve-se durante largos minutos. Não de uma forma incomodativa, como no jogo de há três dias, mas num conforto de que o golo garantidamente chegaria, mais tarde ou mais cedo. Essa garantia era dada pelo futebol luso, tão rápido e atrativo, quase onírico para aqueles que aprenderam a amar esta seleção nas suas versões mais cinzentas.
Tudo fantástico, à exceção do tal golo, que tanto demorava. Não foi preciso esperar pela segunda parte, ainda assim, porque o português mais influente desta qualificação UEFA voltou a aparecer. Falamos de Bruno Fernandes, que aos 37 minutos assinalou o 1-0 com uma bomba de pé direito.
O selecionador islandês lançou o prodigioso avançado Orri Óskarsson, que mal conseguiu ver a bola. Roberto Martínez lançou Ricardo Horta, que levava um golo e uma assistência em apenas 59 minutos jogados nesta qualificação, e eis que só precisou de quatro minutos em campo para fazer o 2-0.
Valdimarsson, guardião adversário, não agarrou o remate de Félix e permitiu a Ronaldo a recarga, que saiu direitinha para os pés de Horta. O atacante do SC Braga só teve de encostar para fazer o 36º golo de Portugal neste grupo. É um novo recorde nacional em apuramentos!
Até ao fim, os cânticos dividiram-se entre o nome de Cristiano Rolando e os pedidos de mais um golo. As chances secaram, tendo a maior sido um remate ao ferro por parte da seleção islandesa, mas nem um golo sofrido mancharia uma noite que foi, na sua essência, uma celebração dos resultados dos últimos meses. Prova disso é a festa de música, voz e pirotecnia que se verificou após o apito final, perante uma equipa que, plena, assistiu e agradeceu.
Pela primeira vez na sua história, Portugal encerrou uma fase de qualificação com um registo 100 por cento vitorioso. Foram 10 triunfos em 10 jogos, que colocam a seleção nacional num lugar que só tinha sido atingido por Espanha, França, Bélgica, Itália, Inglaterra, Alemanha e Chéquia. Nota máxima!
Podemos (e devemos) celebrar esta inédita qualificação imaculada, mas também se justifica algum ceticismo em relação à qualidade de oposição que existiu neste era de Roberto Martínez. Portugal ainda não foi desafiado por um adversário que desse verdadeira luta e caso isso não aconteça até ao Euro, poderá faltar preparação.