Não jogou menos, não foi inferior, mas perdeu. Provavelmente, na melhor versão da época, o FC Porto agigantou-se para se bater com o campeão espanhol, que levou do Dragão três pontos e um relógio favorável, à falta de outras ideias para suster uma equipa com várias oportunidades para ser feliz. Ferran Torres foi o maior desmancha-prazeres, os erros próprios também contaram bastante (sobretudo o de Baró)... e a arbitragem não ajudou.
No duelo entre as duas melhores equipas do grupo, era missão de Sérgio Conceição elevar a capacidade da sua equipa, parca em referências, para encurtar a distância individual que separa os dois plantéis. A missão foi globalmente bem conseguida, menos na eficácia. Aí, foi o substituto do azarado Lewandowski a ter arte para acertar na rede.
E nunca foi com derrotas que se fizeram equipas vencedoras. Se bem que, com estes sinais positivos, há margem para pensar num futuro mais risonho do que o passado dos últimos meses.
Um passe hesitante de Baró para trás, uma hesitante abordagem de Fábio Cardoso (que tanto podia desarmar o adversário, como cometer infração idêntica à que o expulsou na Luz), um aproveitamento máximo do improvável Ferran Torres, pouco depois de entrar em jogo para a vez do lesionado Lewandowski - aplaudido e sentido com os aplausos da plateia portista. A forma como o marcador funcionou e descaiu para o Barcelona, à beira do intervalo, foi ingrata para tão arrojada e bem conseguida prestação do FC Porto até então.
Era, porém, curto para o Barcelona. Gündogan e Gavi, maiores pensadores de jogo na construção desta equipa, foram tentando sair dos bolsos de Alan Varela sempre que possível - poucas vezes o conseguiram na primeira parte, bem mais o fariam na segunda, com a quebra física do argentino.
Nem Conceição os deixou, com injeção de confiança ao intervalo, nem o Dragão o permitiu, ao caminhar ao lado da equipa no apoio para a tentativa de reviravolta. Não deu para tal, por óbvia diferença de qualidade, mas deu para acreditar até final, por grande vontade dos jogadores em construírem uma nova versão ganhadora.
Seria ele mesmo, já depois de várias boas desmarcações de Pepê (bem melhor que Galeno nesse capítulo), a surgir para um lance que começou por ser penálti e acabou em falta atacante. Mixórdia de emoções no estádio, extensíveis ao momento em que, em curto fora de jogo, Taremi fez um golaço de bicicleta, após passe delicioso de Pepê - e tanto o mereciam ambos...
A jogar com o relógio, com onze e depois com dez (Gavi foi expulso), o Barcelona saiu do Porto com um resultado bem mais positivo do que a exibição. Embora... qualquer portista não se importasse de trocar a vitória moral pela factual.
Mesmo assim, não fica beliscada a ambição do apuramento no grupo. De todo.
Do ponto de vista disciplinar, foi uma arbitragem bem conseguida. Porém, teve um erro ao não assinalar penálti sobre Taremi na primeira parte. Além disso, ficam muitas dúvidas sobre a zona em que Eustaquio dominou a bola no lance que daria penálti para o FC Porto. Ou seja, não nos parece haver base que sustente o facto de a decisão ter sido revertida. Prejuízo para os dragões em duplicado.
Aplica-se muito a palavra «raça», mas este FC Porto soube ser inteligente na forma como relativizou um Barcelona cheio de genica e talento e o fez vestir o fato-macaco para levar os três pontos do Dragão.
Nunca se saberá, mas pode-se deduzir. Portugal sai da jornada europeia outra vez com razões de queixa - depois do Benfica, agora o FC Porto. Não é fácil as equipas nivelarem-se contra as melhores das melhores ligas. E assim então...