Ainda está longe do histórico Boavistão que encantou o futebol português, mas este Boavista de Petit começa a ser um caso sério e mostra uma maturidade acima da média, especialmente para uma equipa com as limitações que existiram no mercado. O Estoril deu uma nova e melhorada cara ofensiva, mas as suas fragilidades defensivas continuaram e a Pantera venceu por 1-2 na Linha.
Em momentos distintos de forma neste arranque de campeonato, Estoril e Boavista encontravam-se no Coimbra da Mota. Do lado canarinho, Álvaro Pacheco revolucionou a equipa e fez seis alterações no onze titular, com as entradas de Raúl Parra, Pedro Álvaro, Cabaco, Alex Soares, Rodrigo Gomes e Alejandro Marqués. O Boavista, por sua vez, em melhor forma, não mexia no onze titular, com Petit a manter a confiança nas habituais peças.
Perante tantas mexidas do lado da casa, havia curiosidade para perceber como se ia apresentar o Estoril e o arranque de jogo deu para perceber que parecia uma equipa bem distinta, com bola, das últimas jornadas, mas o Boavista respondeu na mesma moeda, os primeiros minutos foram frenéticos e o golo chegou cedo. Aos 5´, Agra bateu o canto estudado na esquerda e Malheiro nem deixou a bola cair, rematando em volley para o 0-1.
Logo a seguir, o jogo esteve alguns minutos parado para assistência prolongada a Chidozie, mas nem isso abrandou, felizmente, o ritmo e o Estoril reagiu bem à desvantagem, atirando ao poste, por Holsgrove, aos 10', num remate de longa distância. Percebendo que o Estoril estava com uma troca de bola muito intensa e a pressionar alto, com a ajuda de João Marques, Petit fez baixar Seba Pérez para o meio dos centrais quando a equipa não tinha bola, mas até assim as panteras tiveram dificuldades.
O Estoril continuou melhor após o golo, mas o Boavista foi obrigado a mudar a atitude e voltámos a ver aquele ritmo agradável do arranque da partida, com o jogo partido e uma intensidade que faz falta em muitos jogos em Portugal. O Boavista, no entanto, tirou um coelho da cartola, aos 41´, pelos pés de Tiago Morais, que deixou Parra (jogo defensivo para esquecer) pregado ao chão, driblou-o na esquerda da área e fez o 1-2. Grande 1ª parte de futebol.
O Estoril tinha estado bem ofensivamente, mas precisava de fazer mais na 2ª parte para retirar algo do jogo e melhorar defensivamente. Contudo, esse foi o seu principal calcanhar de Aquiles. Com o jogo bem disputado no meio campo, mas com o Boavista a crescer com a maior presença de Makouta, os axadrezados ganharam vantagem e foram sendo mais perigosos, quase sempre pela sua ala esquerda, onde Tiago Morais ia fazendo o que queria de Parra, de tal modo que Álvaro Pacheco não viu alternativa a não ser retirar o espanhol, aos 59', adaptando Rodrigo Gomes.
Os minutos passavam e as emoções aumentavam: o desespero do Estoril e a ansiedade do Boavista. Álvaro Pacheco viu a equipa perder clarividência com bola e optou por aceitá-la, colocando uma frente de ataque com Marqués, João Carlos e Cassiano, a certo ponto, apostando no músculo e presença física para os cruzamentos. Um par de cruzamentos ainda assustaram, mas nada mais do que isso e o Boavista continua, assim, em grande, depois de vencer por 1-2. São já três vitórias e um empate, 10 pontos, em quatro jornadas. Boavistão 2.0 à vista?
Um daqueles jogos que prova que é possível jogar-se bem numa partida que não envolva as equipas mais conceituadas do país. Bom futebol de parte a parte, boa atitude e uma grande luta pelo resultado, especialmente nos primeiros 55 minutos (depois foi-se perdendo pela importância do resultado). Daqueles jogos que fazem bem ao futebol português.
Ofensivamente, a equipa melhorou a olhos vistos com as mexidas impostas por Álvaro Pacheco, mas o Estoril continua a demonstrar dificuldades defensivas jogo após jogo e nem as novas caras melhoraram nesse aspeto. Parra foi a principal figura (negativa) nesse aspeto.
O árbitro Cláudio Pereira assinalou algumas faltas desnecessárias e mostrou indecisão em certos momentos, mas nada suficientemente relevante para influenciar diretamente o rumo do jogo. Nada evidente a apontar.