A decisão final fica guardada para a Madeira, mas para já é o Estrela que vai mostrando brilho de Primeira Liga. A formação do segundo escalão fez uso do fator casa, num Estádio José Gomes que contou com quase 7 mil adeptos e viu a formação da Reboleira vencer o Marítimo por 2-1.
A formação madeirense podia regressar à Madeira com uma missão muito complicada pela frente, mas o golo de Cláudio Winck, perto dos 90, acaba por deixar tudo em aberto. Ainda assim, é o Estrela que está perto de voltar à Primeira Liga!
Ainda é possível voltar ao passado, mesmo com a tecnologia por perto. Nos anos 90, não havia smartphones, internet móvel, nem sequer havia zerozero (impensável, nós sabemos), mas o ar era diferente.
Apesar das dificuldades, próprias de Portugal e em especial da Amadora, o Estrela sempre foi um espaço de união para todos os que nascem ou habitam naquela cidade. O Estádio José Gomes foi, durante muitos anos, palco de encontros e, também, palco de Primeira Liga.
Tenta voltar a sê-lo, atirando outro histórico para o segundo escalão. O Marítimo viajou para a Amadora a contar com o jogo na sua casa, onde o ambiente será tão ou mais favorável do que este, mas a tarefa não vai ser fácil, especialmente agora que a equipa de José Gomes parte em desvantagem na eliminatória.
Horas antes da partida, uma festa junto ao recém-criado centro de saúde começou por lançar a corda para um dia de celebração de outros tempos. Os mais velhos voltaram a um estádio que, diga-se, já esteve bem composto ao longo da temporada. Mas este era um dia especial. Os mais novos acompanharam outras gerações e o futebol foi visto em família, com bandeiras, tarjas e papel higiénico à mistura. Nem Patrice Evra quis perder este regresso ao passado, nem os adeptos do Marítimo, que, honra seja feita, não largam a equipa, por muito que tal seja tentador, face à época e aos erros que voltaram a ser evidentes e infantis no Estádio José Gomes.
Uma entrada em falso, como não pode acontecer numa eliminatória, mesmo que jogada a duas mãos, com a final para decidir na própria casa. Num lance de bola parada, Regis prolongou a festa do povo, que nem precisou do apito inicial para começar.
Desde o banco, a equipa técnica maritimista, onde não constou o castigado José Gomes, estava tão perdida como a equipa. Aos 20 minutos, depois do golo anulado a Mansur, novamente na sequência de um lance de bola parada, Riascos foi a jogo e o Marítimo passou para 4x4x2. Com tanto para jogar nesta eliminatória, não deixou de ser estranho ver o primeiro plano cancelado com tão pouco tempo de jogo.
Antes dessa alteração, o Marítimo parecia, ainda que lentamente e apenas pelos pés de Xadas, que iria conseguir comandar a partida e até tinha ameaçado a baliza de Brígido em duas ocasiões consecutivas - Vidigal na trave e Mansur a evitar o golo em cima da linha.
Só que a alteração não veio ajudar. O Estrela voltou a sentir-se confortável e só por dificuldades dos três da frente nos momentos de definição não aplicou pena mais pesada.
A segunda parte não foi propriamente diferente. Ao Estrela continuou a faltar capacidade de definição - Ronald teve duas oportunidades flagrantes, mas permitiu a intervenção de Carné -, mas nunca se sentiu que o Marítimo seria a equipa da Primeira Liga neste duelo.
Jean Felipe fez o 2-0 que a equipa já justificava, só que Claudio Winck saiu do banco para reduzir a desvantagem, bater no peito e dizer que ainda não acabou.
Será o Caldeirão suficiente para dar a volta?
Quase 7 mil adeptos e um ambiente espetacular no Estádio José Gomes. Um regresso ao passado, com as bancadas animadas, muitas famílias no futebol, bandeiras e até lançamento de papel higiénico. Também é por isto que o Estrela faz falta à Primeira Liga.
Aos 11 minutos, com o Marítimo a perder, Riascos saltou do banco, numa reação clara ao que estava a acontecer. A equipa madeirense entrou em campo sem avançado de raiz, mas assim que sofreu sentiu necessidade de corrigir. A ausência de José Gomes não explica as dificuldades da equipa na estratégia e na maioria dos momentos do jogo. Colocar a bola em Xadas e esperar que o médio resolva não é suficiente. Aos 28 minutos, depois de sofrer o 2-0 que seria anulado, Riascos foi mesmo chamado a jogo. 4x4x2 e ainda tanto para jogar.
Arbitragem algo irregular por parte de André Narciso, que perdoou um vermelho a Guzmán na primeira parte e teve um lance estranho no segundo tempo, em que mostra o segundo amarelo a Miguel Lopes, num lance que não seria para amarelo, e depois, aparentemente, voltou atrás com a decisão, apesar de não ter dado nenhuma indicação nesse sentido.