Quase quatro anos depois, o Benfica volta a conquistar um troféu e reconquista o título de campeão nacional. Apesar de vários deslizes na ponta final do campeonato, os comandados de Roger Schmidt nunca pareceram realmente dar hipóteses aos seus adversários e culminaram uma grande temporada ao vencer o Santa Clara por 3-0 para se sagrarem campeões nacionais pela 38ª vez na história do clube encarnado.
Era a hora das decisões e a Luz e Lisboa paravam para receber o jogo entre Benfica e Santa Clara, que podia entregar o título de campeão nacional às águias. Roger Schmidt promoveu três alterações no onze titular, chamando Bah, Morato e Florentino para os lugares de António Silva (castigado), Chiquinho e David Neres. Já do lado do Santa Clara, já despromovido, Accioly promoveu apenas uma alteração, com Ricardinho a substituir Gabriel Silva.
A época tinha sido longa e, 37 jornadas depois, tudo se resumia a isto. 90 minutos, mais uns minutos, para se decidir tudo e saber quem ia festejar, sempre com um olho no que se ia passando no Dragão. Era altura de conhecermos o campeão nacional desta época.
🇵🇹Rafa Silva ultrapassa Isaías e iguala António Simões com 72 golos marcados pelo Benfica.
Está a quatro de entrar (Manniche) no top 30 dos melhores marcadores encarnados. pic.twitter.com/2GYpaQbyyE
— Playmaker (@playmaker_PT) May 27, 2023
O jogo ainda não tinha começado e já o Inferno da Luz fervilhava com o forte apoio vindo das bancadas, que pareciam não ter praticamente qualquer cadeira vazia, e não demorou até que se festejasse, uma vez que o Benfica entrou a todo o gás e aos set minutos já vencia com uma cabeçada mortífera de Gonçalo Ramos. Sem nada a ganhar neste jogo, apenas para deixar uma boa última imagem, o Santa Clara estava atrevido, a pressionar alto e a apostar na bola longa, em busca da velocidade, mas iam pecando na decisão do último terço e isso dava espaço ao Benfica para sair na transição.
Foi, de resto, dessa forma que os encarnados ampliaram à passagem do minuto 28, encontrando os açorianos em contrapé, saíram em velocidade e com João Mário, Ramos e Rafa como protagonistas de uma bela jogada, ampliaram para 2-0. A Luz estava ao rubro e já se afirmava a pulmões cheios «o campeão voltou.»
A ida aos balneários baixou consideravelmente o ritmo de um jogo que caminhava a passos largos para estar decidido antecipadamente e o Benfica ia gerindo o jogo a seu proveito até que, aos aos 59', uma mão infantil de Adriano Firmino na sua área permitiu a Grimaldo assumir a cobrança, converter com sucesso e ter a merecida e emocionante despedida - ele que se emocionou nos festejos, enquanto mostrava a camisola aos adeptos - daquela que foi a sua casa durante oito épocas. Estava feito o 3-0 e voltavam os cânticos de campeão. Já ninguém aguentava sentado no seu lugar.
🇪🇸 @grimaldo35 chega aos 8 golos na temporada, o melhor registo na carreira do defesa de 27 anos com oito anos de Benfica. pic.twitter.com/dkC6lMxNuk
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Com o resultado cada vez mais decidido, o ritmo não dava sinais de qualquer aceleramento e era claramente a festa nas bancadas que emocionava e alegrava a partida, embora o Santa Clara até tenha aproveitado esta fase de menor fulgor encarnado para ir rematando e testando Vlachodimos, que se foi mostrando a bom plano e até fez grande figura numa dupla defesa a remates de Matheus Babi e Ricardinho. Nesta fase, já parecia mais altura de dar minutos a quem vinha do banco e saltaram para jogo peças como Gilberto, Musa, Chiquinho e Neres, importantes ao longo da época.
No final, Rui Costa apitou e o Benfica venceu, entregando o pedido que mais vezes foi feito pelos adeptos ao longo de toda a temporada: o desejado 38º título de campeão nacional. Roger Schmidt chegou à Luz e numa época rejuvenesceu a imagem europeia do Benfica e terminou com uma seca de quase quatro anos sem qualquer título a nível nacional. «O Campeão voltou...»
Não era preciso ter adiado tanto a festa, mas os constantes deslizes nesta ponta final fizeram-no. Contudo, o Benfica entrou para este jogo galvanizado pelos seus adeptos e fiel ao que mostrou na maioria da sua época, com um futebol atrativo, ofensivo, vertical e de pressão alta, chegando aos golos com clara naturalidade e mérito.
Sem nada a perder ou a ganhar neste jogo, o Santa Clara mostrou-se atrevido ofensivamente e a tentar implementar alguma velocidade, mas pecou quase sempre na decisão no último terço e facilitou a vida do Benfica defensivamente. O espelho de uma época para esquecer.