Chega a ser uma pena fazer a crónica deste jogo. Durante uma hora havia um sorriso nos lábios de cada adepto que esteve no estádio e que viu o jogo. É verdade que havia um vencedor e um vencido, mas o jogo estava a ser bom o suficiente para que os derrotados estivessem apenas focados na discussão dos pontos. Depois, um lance, uma propagação de frustrações e acabou-se com um oito para 11 sem história.
O Chaves podia chegar à melhor pontuação de sempre na Liga, em caso de vitória, e o Boavista podia subir posições e isso resultou num excelente ambiente. Terminou aos 62 minutos, mas até lá foi uma lembrança das boas épocas de axadrezados e flavienses.
Com Makouta a jogar completamente solto, a aparecer nos flancos ou ao meio, e com Agra inspirado, o Boavista conseguia chegar facilmente à área do Chaves, fosse num jogo mais direto ou, especialmente, em transições com a bola controlada.
Foi mesmo em duas dessas transições «semi-rápidas» e quando parecia que o Chaves estava a equilibrar (ficou perto de marcar por Benny) que vieram os golos da justiça. Primeiro marcou Seba Pérez, aproveitando uma das movimentações aleatórias de Makouta, e depois foi a vez de Bozenik responder de cabeça a um grande cruzamento de Agra.
Vítor Campelos mexeu, colocou mais energia nos flancos e teve logo proveito, já que Sandro Cruz motivou a defesa incompleta de João Gonçalves que Héctor aproveitou. Depois desse lance o Chaves até esteve perto de empatar e só ao final de 10/15 minutos se viu o Boavista equilibrar a intensidade.
Depois vem o momento triste. O jogo estava totalmente aberto e poderia cair para qualquer um dos lados, mas, aos 62 minutos tudo caiu por terra. O lance está explicado em baixo, mas, resumidamente, os jogadores do Chaves ficaram frustrados com um lance em que o árbitro estava no sítio errado à hora errada. Esse lance não só matou a saída de bola, como ainda acabou por resultar no 1-3. Frustrante, sem dúvida, mas foi apenas um lance infeliz. Nada justificava o que se viria a passar depois.
1-3 apontado por Bozeník e o jogo acabou ali. Depois disso o Chaves teve duas expulsões sem sentido, especialmente a de Guima, e nem mesmo o grande golo de Makouta animou o jogo. A equipa da casa viria mesmo a terminar com oito jogadores e «obrigou» o árbitro a terminar o jogo sem descontos, para não potenciar mais lances de dureza extrema.
Faz sentido focar a conclusão apenas nos 62 minutos iniciais e dizer que Chaves e Boavista partem para o verão conscientes do bom trabalho que fizeram, dos desafios e das ambições.
Arbitragem estava simples, bem conseguida e a permitir que o ritmo fosse alto. Tudo mudou depois do terceiro golo axadrezado. É verdade que o posicionamento de Hélder Carvalho dificultou a saída de bola dos jogadores do Chaves, mas o juiz não tem qualquer culpa. O Boavista recuperou a bola e o lance deu golo. Percebe-se a frustração dos flavienses, mas não há qualquer irregularidade.
Como já foi dito, é sempre interessante ver um bom jogo quando as equipas já não têm objetivos diretos. Por isso, fica o agradecimento às duas equipas que deram ao público um bom jogo na despedida.
Estava a ser um ótimo jogo. Aberto, intenso e com muitas oportunidades. Depois do lance do terceiro golo, os jogadores do Chaves perderam a cabeça. Benny viu dois amarelos por faltas sem sentido e Guima vê um vermelho direto depois de dar uma «peitada» no árbitro. Sem sentido.