Um Arouca cada vez mais europeu e um Sporting cada vez menos de Champions. O empate (1-1) em Alvalade acabou por ser um mal menor pelo Sporting, que, pela segunda parte, até justificava a reviravolta, mas que deu demasiados tiros nos pés para tirar algo mais desta partida.
Pedro Gonçalves falhou uma grande penalidade e, três minutos depois, Diomande ofereceu um golo à equipa arouquense. No segundo tempo, Pote redimiu-se ao converter novo penálti, mas o golo surgiu demasiado tarde para os leões, que, apesar das várias ocasiões e de ter atirado duas bolas ao poste, não conseguiu bater a equipa do Arouca.
Um jogo de cada vez. O calendário está assim definido e é desta forma que as equipas preparam a semana de trabalho. O jogo frente à Juventus pode marcar a época do Sporting, mas os leões ainda lutam pelo terceiro lugar do campeonato, por isso era obrigatório olhar com cuidado para este Arouca, que já tinha vencido na primeira volta e atravessa um grande momento.
Os alertas foram dados na conferência de antevisão de Rúben Amorim e também de Armando Evangelista. O Arouca nunca tinha pontuado em Alvalade, mas, como escrevemos na antevisão, este parecia ser o cenário ideal para tentar fazer história.
Com os leões a meio da eliminatória com a Juventus e o Arouca numa bela série de resultados, só um Sporting de nível europeu podia continuar a lutar pelo sonho europeu, frente a um adversário com cada vez mais aspirações europeias. Não foi isso que aconteceu.
Sem soluções no banco e com algumas opções discutíveis no onze, não propriamente pelas escolhas de Rúben Amorim, mas pelo planeamento da temporada, o Sporting deu uma parte de avanço sem necessidade de o fazer.
Os leões tiveram mais bola e iniciativa na primeira parte e conseguiram ser pressionantes, só que faltava sempre alguma coisa. Chermiti voltou a ser presa fácil e mostrou que ainda está demasiado verde para jogar no Sporting, Arthur e Bellerín nunca se entenderam e Diomande levou a primeira «dura» de Coates logo aos cinco minutos, quando tentou um drible em vez de jogar simples. O Arouca estava confortável e, como já tinha feito em casa, aproveitou a oportunidade dada pelos leões.
Alan Ruiz ia procurando Mujica e Antony no ataque, mas, naquela primeira fase e apesar de algumas hesitações, o Sporting foi conseguindo resolver os problemas, alguns criados pelos próprios jogadores.
Na equipa de Amorim reinava a desconcentração, mas também a desinspiração. Sem criatividade, a equipa leonina foi perdendo a confiança que ganhou em Turim e o Arouca aproveitou da melhor forma.
Os leões até podiam ter controlado o jogo. A oportunidade surgiu quando Galovic tocou com o braço na bola dentro da grande área, só que Pedro Gonçalves desperdiçou a grande penalidade, aos 35 minutos. E por que razão escrevemos os minutos do lance? É que, três minutos depois da defesa do guardião arouquense, Diomande ofereceu o golo a Antony, que ainda contornou Adán para fazer o 0-1.
A ideia antes do jogo com a Juventus não passaria certamente por obrigar a equipa a um esforço extra, mas foi isso que aconteceu quando Rúben Amorim lançou Morita e o certo é que o Sporting mudou por completo.
Apesar da contínua aposta em cruzamentos inofensivos, algo já habitual sempre que o Sporting defronta equipas com bloco baixo, especialmente quando se encontra a correr contra o tempo, a segunda parte pertenceu por completo à equipa de Rúben Amorim.
De Arruabarrena já tinha sido decisivo no penálti e evitou o golo com uma grande defesa a remate de Nuno Santos, num lance que surge ainda com muito tempo para jogar. Esse lance acabou por revelar-se determinante para o desfecho da partida.
É que, numa grande penalidade sofrida e convertida (desta vez enganou o guardião do Arouca) por Pedro Gonçalves, o Sporting ainda procurou chegar à reviravolta.
O ambiente foi sufocante, os 11 minutos de tempo extra, justificados por constantes paragens da equipa de Armando Evangelista, justificaram-se, mas o Sporting, que acabou o jogo com duas bolas nos ferros (Morita e Chermiti) não conseguiu mais do que o empate. A Champions via campeonato é cada vez mais uma miragem.
Exibição difícil e pouco conseguida da equipa de arbitragem. Com muitas dificuldades para controlar o jogo e penalizar as perdas de tempo do Arouca no segundo tempo, ficaram na retina os lances de grande penalidade. No primeiro há toque na mão da Galinovic, mas o segundo foi forçado. Curiosamente, Vítor Ferreira apenas viu as imagens do primeiro.
Não tanto pela exibição deste domingo, até porque o adversário é de outro campeonato, mas a época da equipa de Armando Evangelista justifica o destaque. Com mais 19 pontos do que na temporada anterior e na luta pelo regresso às competições europeias.
Ir para um jogo da Liga apenas com Chermiti, de 19 anos, como opção de ataque já é curto. Ir sem Edwards faz com que seja ainda mais. Ir com Chermiti, sem Edwards e apenas com Rochinha como elemento ofensivo no banco é ainda pior. O quarto lugar da equipa leonina deve-se em muito ao mau planeamento do plantel. A prova está nesta ficha de jogo.