Se até há menos de uma semana ainda seguia invencível no Estádio da Luz em 2022/23, eis que, somado o Clássico de sexta e esta terça-feira europeia, o Benfica já leva duas derrotas no seu reduto.
Na receção ao Inter de Milão, que não vencia há mais de um mês, os encarnados foram surpreendidos e perderam por 0-2. Um resultado duro, que em nada condiz com as expectativas e que significará enormes dificuldades na visita ao Stadio Giuseppe Meazza, para a segunda mão.
Num piscar de olhos, muito mudou no momento da equipa de Roger Schmidt. Pela primeira vez na temporada perde dois jogos consecutivos, e perde também o estatuto de imbatível na liga milionária, que agora pertence exclusivamente ao Manchester City. Começou com uma tarde quente, mas parece que quando chove na Luz, chove a cântaros...
Bom ambiente, marcado pela música de dança, numa terça-feira em que muitos adeptos se deslocaram ao estádio. Esse rapidamente mereceu a alcunha de inferno da Luz, pela energia que acumulou, em crescendo, até ao apito inicial do inglês Michael Oliver.
Enquanto os italianos faziam cada vez mais justiça aos estereótipos do seu futebol, com boas doses de posse de bola mas sempre nos parâmetros do típico catenaccio, a águia somava algumas oportunidades que nunca chegaram a ser verdadeiramente flagrantes. Rafa Silva teve a maior, num jogo que estava a ser controlado pela harpa de Florentino, que, sem bola (onde costuma brilhar), não dedilhou o seu potente baixo.
Do lado do Inter, a grande figura era o médio Nicolò Barella. O internacional transalpino agigantou-se no primeiro tempo, no qual foi protagonista dos momentos mais interessantes da sua equipa, mas regressou do balneário com genica para mais ainda: aos 51 minutos, apareceu ao segundo poste para transformar em golo o delicioso cruzamento de Bastoni - jogaço de ambos. Parecia Dzeko, mas era, na verdade, o diminuto médio (172cm).
De repente, tudo corria da forma que os nerazzuri gostariam. Se já não torceriam o nariz a um empate nesta mão inaugural, sabendo que jogariam a decisão em casa, então a vantagem de um golo foi muito apreciada por Simone Inzaghi.
O treinador do Inter optou por refrescar o ataque e as alas, retirando, no processo, os jogadores que estavam em risco de exclusão. Schmidt seguiu parte dessa linha de pensamento, ao retirar Florentino, mas também ganhou dimensão ofensiva ao colocar Neres e recuar Aursnes.
No último lance, aos 90+4, Gonçalo Ramos desperdiçou a maior chance que as águias tiveram no jogo. Mais um golpe duro, que vai dificultar ainda mais a tarefa na visita a Milão.
Para o Internazionale, é mais uma ocasião em que uma exibição tímida chega para bater oposição lusa...
Se forçámos um trocadilho em torno do nome de Barella, então teríamos de fazer o mesmo com Bastoni, já que esses dois foram confortavelmente os melhores em campo. Toda a defesa esteve bem, e o meio-campo milanês foi funcional, mas essas duas individualidades empurraram mais uma exibição medíocre do Inter para uma vitória europeia. Parece tradição.
Se há relação causal entre a derrota no Clássico de sexta-feira e o novo desaire desta noite, é impossível dizer com precisão. O que é certo é que o Benfica reagiu muito mal à desvantagem em ambos os jogos, nos quais se apresentou de cabeça perdida durante 45 minutos ou mais. A falta de substituições também diz bastante, mas esta é uma equipa que já soube responder à adversidade sem recurso ao banco.