Contra um Santa Clara corajoso, mas claramente fragilizado, o Vitória SC mostrou o porquê de respirar confiança nesta fase da temporada e conseguiu uma importante e esclarecedora vitória por 1-3, onde até houve espaço para que o estreante e jovem guarda-redes Rafa fizesse uma assistência. A luta pelos lugares europeus é, claramente, uma realidade.
Com as equipas em claros momentos anímicos e de forma distintos, o Santa Clara, depois de ficar sem treinador, recebia o Vitória SC com ambições europeias. Do lado açoriano, os substitutos de Jorge Simão, Accioly e Luís Morgado, não fizeram quaisquer alterações na equipa titular, em relação ao último jogo, enquanto do lado vitoriano se destacam as ausências de Bruno Varela, lesionado, e Tiago Silva, castigado, com Moreno a chamar Rafa - a fazer a sua estreia absoluta -, para a baliza, e André André.
Praticamente assim que a bola começou a rolar nos Açores se percebeu que havia um Santa Clara bem diferente daquilo que se tinha visto nas últimas semanas sob a batuta de Jorge Simão. Os açorianos entraram em jogo muito intensos, a pressionar alto e a querer impor velocidade nos processos ofensivos e isso permitiu um jogo bastante partido logo a abrir, até porque ambas as equipas iam tentando apostar na profundidade.
O Vitória SC soube, contudo, proteger-se e ajudar o nervoso Rafa - como se notava em algumas intervenções - na sua estreia e foi uma questão de tempo até que a tal intensidade caseira baixasse consideravelmente, embora a pressão alta fosse, quase sempre, uma constante. Ora, o conjunto vimaranense soube aproveitar isso mesmo e foi conseguindo potenciar a subida dos seus alas com alguma facilidade, deambulando os extremos para o meio para causar desequilíbrios.
O golo vitoriano acabou mesmo por chegar dessa forma, aos 22', com Villanueva a desmarcar Afonso Freitas nas costas da defesa, na esquerda, de forma exímia. O lateral foi à linha de fundo cruzar e, com alguma felicidade, a bola acabou por ressaltar em Safira e acabou no fundo da baliza. O avançado brasileiro, que está a atravessar um grande momento, não se ficou por aqui e oito minutos depois ampliou, respondendo a um canto estudado na direita com um cabeceamento potentíssimo.
Foi uma 1ª parte, embora com uma entrada corajosa, para esquecer para o Santa Clara, mas a 2ª podia ter começado da mesma forma, até porque Safira quase fazia o hat-trick, de cabeça, logo aos 46'. Depois disso, no entanto, o conjunto vitoriano baixou, com alguma naturalidade, o ritmo e foi dando a iniciativa a um Santa Clara desesperado, com o objetivo de se manter coeso defensivamente e ferir na transição para «matar» o jogo.
Este ritmo mais baixo acabou por beneficiar os da casa, que viram o Vitória adormecer bastante no jogo e praticamente abdicar de ter bola controlada em jogo organizado - apesar de algumas aproximações menores à baliza adversária. Isso acabou, de resto, por resultar no golo açoriano, aos 64': Victor Bosin bombeou uma bola nas costas da defesa, Rildo ganhou na velocidade e já dentro da área tirou um defesa do caminho antes de fazer o 1-3. O VAR ainda analisou o lance, mas acabou por validá-lo por apenas sete centímetros.
O golo claramente galvanizou o Santa Clara, até porque o Vitória não fazia para controlar a partida e colocar os açorianos em sentido, e seguiram-se largos minutos de insistência dos da casa, em busca do golo que relançasse a partida, com os de Guimarães praticamente recolhidos ao seu meio campo e à sua grade área. Seguiram-se minutos de algum sufoco para a baliza comandada pelo jovem Rafa, mas o Vitória foi-se aguentando e com o aproximar do apito final o Santa Clara também foi percebendo que não havia volta a dar, acabando mesmo por perder, de forma justa pelo que se viu na 1ª parte, por 1-3.
Obviamente ajudou a desorganização açoriana, mas o Vitória SC entrou em campo com uma confiança no alto e isso notou-se na forma como abordou a partida. As trocas posicionais, intensidade e velocidade imposta são de um nível elevado e se assim se mantiver, podem pensar nos voos mais altos.
Obviamente não se esperava que o Vitória mantivesse a mesma intensidade na 2ª parte, mas os vitorianos deram por completo a iniciativa ao Santa Clara - que soube aproveitar e foi insistindo - e foram praticamente inexistentes nesses 45 minutos. Não é assim que se gere uma vantagem, ainda para mais depois de uma grande 1ª parte.
O árbitro Manuel Mota teve uma partida de fácil ajuizamento, sem grandes lances para decidir e acabou por não influenciar em nada o resultado, além de ter ido muito pouco ao bolso para mostrar cartões.