Boavista e Arouca não conseguiram passar a barreira do zero (0-0) e terminaram a partida com um sorriso amagro, numa partida sublinhada pela falta de arte (e inspiração individual dos jogadores) e pela capacidade de desenrasque dos treinadores.
Apesar de tudo, o empate não é mau - na teoria - e vai de acordo com as expectativas iniciais da temporada (manutenção) para ambas as equipas, não obstante, a possibilidade Europa fica um pouco mais distante.
Em relação ao jogo, ambos os técnicos - privados de algumas peças importantes - mexeram e Petit, apesar das ausências de Malheiro e Cannon (castigados), permaneceu fiel ao sistema (4-3-3). Salvador Agra ficou responsável pelo corredor e contou com o auxilío de Mangas, um dos melhores do lado boavisteiro. Evangelista, por sua vez, operou três mudanças: Galovic, Weverson e Rafa Mújica entraram para o lugar Opoku, Mateus Quaresma (castigado) e Dabbagh.
Mesmo com algumas ausências de relevo, a experimentação do laboratório de Petit - forçado a utilizar Agra, extremo de raíz, como lateral - deu certo. O rendimento defensivo boavisteiro não só não caiu, como também ganhou uma nova dinâmica do ponto de vista ofensivo: Mangas-Agra, a dupla do lado direito, relacionou-se bem e colocou Weverson em trabalhos (spoiler para o que viria a acontecer mais tarde).
O Boavista - sem muita arte, mas com acerto - teve o ascendente do primeiro tempo e ao minuto 11 chegou mesmo a fazer levantar as bancadas do Bessa. Sebastián Pérez, com a sua mestria habitual, encontrou Mangas dentro de área, após um movimento característico do luso sem bola - do corredor esquerdo para a zona central -, e este, apesar de permitir o golo de Yusupha na recarga, foi apanhado em fora de jogo.
O Arouca, depois do susto, acabou por acordar e assumiu algum risco (o suficiente para colocar Bracali em sentido), ainda assim, apenas um remate de pé esquerdo de Alan Ruíz ficou na retina. Faltou maior arte ao argentino que teve tempo e espaço para melhor.
Lembra-se do spoiler sobre os trabalhos aos quais Weverson foi sujeito na primeira parte? Pois bem, o técnico do Arouca, que já tinha o lateral amarelado, retirou o brasileiro ao intervalo e fez entrar Tiago Esgaio - lateral direito de raíz - para o seu lugar.
Com o marcador inalterado, o Boavista esteve praticamente sempre por cima, mas a sagacidade dos forasteiros colocou a linha defensiva boavisteira em sentido e, mais do que isso, impôs uma barreira mental na organização ofensiva de Petit. Isto é, o Boavista arriscou, mas percebeu a importância de não sofrer golos. Consequência? O que se viu nos restantes 45 minutos.
Alan Ruiz voltou a ser o homem com maior capacidade do ponto de vista ofensivo, mas ressalvou a falta de inspiração no momento de ferir a baliza. Do lado da casa, Yusupha foi quase sempre o mais solicitado, mas as tentativas do avançado - a viver a melhor temporada da carreira - foram quase sempre travadas por João Basso, por de Arruabarrena, ou por mera ineficácia. Até final, o jogo ficou dividido, mas ninguém encontrou o caminho das balizas.
Com as ausências, veio ao de cima a capacidade de desenrasque de ambos os técnicos. Petit, em especial, operou uma experimentação pouco habitual no corredor direito, e acabou por retirar dividendos ao longo do jogo.
Como o resultado espelha, faltou eficácia para ambos os emblemas. Nem Boavista, nem Arouca conseguiram quebrar a respetiva muralha e o jogo ficou reduzido a pouquíssimas ocasiões.
Luís Godinho teve em mãos uma partida sem grandes casos, contudo, mostrou um critério inconstante e pouco controlo nas operações. O jogo ficou marcado várias faltas duras - algumas bem sancionadas, outras por sancionar - e alguns lances que poderiam ter tido uma dupla interpretação. Fica na retina um lance em que João Basso parece atrasar a bola para de Arruabarrena - que agarra a bola com as mãos, pelo que poderia ter sido assinalado livre indireto a favor do conjunto da casa.