Uma das melhores defesa do campeonato num jogo de sofrimento até final. O Casa Pia jogou mais de uma parte reduzido a 10, mas conseguiu segurar o FC Porto, que, com o nulo no Jamor, deu um passo atrás na luta pelo título, uma jornada depois de ter recuperado três pontos ao Benfica.
Lucas Soares foi expulso antes do intervalo e isso fez com que o jogo tivesse um só sentido. Ainda assim, apesar do volume ofensivo, a equipa de Conceição foi pouco incisiva na hora de finalizar e acabou por não conseguir bater o guardião Ricardo Batista, começando o ano 2023 com um empate que pode ter muita importância nas contas do campeonato.
O mercado imobiliário é um pouco como o Casa Pia. Há muitos que nos prometem que a bolha vai rebentar, mas a realidade é que não para de crescer. Na zona de Lisboa, o metro quadrado é para bolsos mais recheados e cada vez mais para bolsos internacionais. Desde o Norte, o FC Porto viajou para o Estádio Nacional apostado em encontrar uma brecha para furar a Casa de Filipe Martins.
Se é verdade que grande parte do encontro foi disputada em poucos metros quadrados, fruto da expulsão de Lucas Soares no final da primeira parte, a verdade é que a equipa sensação do campeonato começou por querer aproveitar cada centímetro de terreno.
Com linha subida e combinações curtas em zonas ofensivas, o Casa Pia procurou incomodar os dragões com bola, mais do que com um jogo defensivo, ao qual viria a ter de recorrer toda a segunda parte.
Sobressaiu aí o nome de Kunimoto, japonês cada vez mais adaptado ao estilo futebolístico do burgo, num Jamor impróprio para a Primeira Liga, desde as escadarias, recheadas com mais musgo do que um qualquer presépio natalício, às bancadas, preenchidas por adeptos dispostos a apanhar uma valente constipação para ver esta partida.
A lesão de Neto deixou o Casa Pia com menos argumentos no miolo, apesar daqueles que Eteki conseguiu mostrar assim que entrou. O FC Porto foi sempre mais perigoso na primeira parte, mas para o resumo televisivo não havia assim tantos lances a registar. Ainda assim, o sinal mais era claramente azul e branco.
Com o mesmo onze com que bateu o Arouca, a equipa de Conceição foi perigosa nos flancos - Galeno arrancou dois amarelos a Lucas Soares -, mas pouco incisiva em zona de finalização, ficando evidente que, sem espaço para manobrar no t0 que o Casa Pia montou a partir dos 40 minutos, Veron não estava a ser solução.
Se o final da primeira parte tinha deixado claro que o Casa Pia ia passar a jogar em 30 metros, o início da segunda parte deixou tudo em pratos limpos. Empurrada pela formação portista, a equipa de Filipe Martins viu-se obrigada a pisar terrenos delineados por dois retângulos (a grande área), com o objetivo primordial de proteger a baliza de Ricardo Batista. Distante do arrumado t0 casapiano, Saviour Godwin vivia numa espécie de ilha com nome digno de um qualquer paraíso fiscal.
No banco, Sérgio Conceição pedia mais reação e intensidade e foi dessa zona que encontrou em Toni Martínez uma ideia para procurar furar as portas blindadas da equipa de Filipe Martins. Dois minutos depois, o espanhol tinha deixado o primeiro grande aviso.
É que se é verdade que a equipa portista estava a ter muito volume ofensivo, também não é mentira que desse volume não resultaram assim tantas ocasiões. O cabeceamento de Taremi, ainda antes da entrada do espanhol, tinha sido o único registo de tentativa de finalização. Toni Martínez deu esse acrescento na hora do remate, mas não no momento de acerto.
Apesar de ter carregado até final e de até ter conquistado alguns livres junto à área de Ricardo Batista, a equipa azul e branca não conseguiu abrir as portas blindadas do Casa Pia e atrasou-se na luta pelo título.
Foi preciso sofrer e ter uma ponta de sorte, que também é importante nestes jogos, mas também deve ser dado mérito à equipa de Filipe Martins. O técnico tinha dito que a equipa precisava de sofrer e foi em sofrimento que conseguiu... não sofrer. Não é das melhores defesas da Liga por acaso.
Muito volume ofensivo, claro domínio, mas sem grandes ocasiões de golo. O FC Porto carregou, mas hesitou na hora de finalizar. Toni Martínez acrescentou isso na meia hora final, mas foi dos poucos a tentar.