Tal como nas histórias de conto de fadas, esta crónica também começa com o Era uma vez...
Aqui houve heróis e vilões, um rei que tinha uma vida tranquila, sobreviveu ao xeque, mas acordou a tempo de resgatar um triunfo importante. O Vitória SC venceu o Boavista (3-2), num encontro que teve duas reviravoltas.
Chuva, muita chuva, terreno pesado, bola com dificuldades em rolar e duelos em todo o lado. Os primeiros dez minutos não foram muito jogados. Houve falta de rigor e alguma anarquia. As defesas controlaram os ataques, mas o Vitória SC foi sempre mais intenso na busca da bola e em assumir o jogo.
Os minhotos perceberam que a rotação que tinham no jogo era bem mais forte e não perderam tempo em ferir a pantera. A primeira vez que o Boavista subiu as linhas da defesa foi apanhado a dormir na recuperação e Anderson Silva sofreu grande penalidade. Sasso foi a pantera que vestiu a pele de vilão.
Tiago Silva colocou a equipa de Guimarães em vantagem. Foi o primeiro passo para a tranquilidade do Vitória, que somou logo de seguida vários lances de muito perigo. No entanto, a equipa de Moreno foi muito perdulária com Nelson da Luz e Johnston à cabeça. O escocês esteve perto de ser herói, mas foi vilão (já lhe contamos).
A equipa da casa tinha tudo para ter um jogo tranquilo, até porque em cima do intervalo Mangas foi expulso. Mesmo estando com menos um, o Boavista não tremeu e conseguiu fazer o empate, depois de um erro de Johnston. Sasso redimiu-se do erro da grande penalidade e fez o empate.
A segunda parte apresentou-se com tudo para ser entretida, mas os jogadores guardaram o melhor para a parte final. Em boa verdade, só com o banco é que tudo ganhou outra energia. Agra e Yusupha obrigaram a linha defensiva do Vitória a subir menos, Lameiras e Jota perceberam que o lado esquerdo dos axadrezados era o elo mais fraco e tudo ficou clarinho.
O Boavista optou pelas saídas rápidas, depois de estar muito concentrado na última linha (bastante coeso também a aguentar pressão). A equipa de Petit colocou o Estádio D. Afonso Henriques em sentido, quando Agra fez a cambalhota no marcador.
O Vitória conseguiu o empate com um remate de ressaca e já depois dos 90 minutos, André Amaro desviou um cruzamento de Lameiras e fez com que o suspense do resultado se mantivesse até ao final.
Os minhotos conseguem manter um registo notável na temporada, ultrapassam o Boavista na tabela classificativa e marcaram, pela primeira vez na época, três golos na Liga.
A chuvada que caiu durante o dia, em todo o país e em Guimarães, particularmente, poderiam fazer antever um relvado pesado e, naturalmente, um jogo feio, mas não foi pelo qualidade do tapete que o jogo não foi melhor. Nota máxima.
Foi apenas uma falta, é verdade, mas foi uma falta que acabou por ser fulcral no desafio. O Vitória SC tinha o jogo controlado: a vencer e com mais um jogador, mas o escocês fez um falta sem sentido sobre Martim Tavares e o Boavista marcou da bola parada. O Vitória ficou ansioso, o Boavista soube jogar assim.
O trabalho de Fábio Veríssimo não se persetivava fácil. O nível de jogo e a muita chuva que antecedeu o encontro obrigariam o árbitro a atenção redobrada. O juiz foi tendo uma exibição descendente. Foi ajudado por Hugo Esteves, árbitro de VAR, para decidir o vermelho a Ricardo Mangas, mas na segunda parte exagerou no número de faltas e teve como ponto alto a forma como geriu o pedido de assitência de Seba Pérez. Tecnicamente pode ter sido correta, mas de bom senso não teve nada.