Quem iria reagir melhor? A equipa que foi goleada na última jornada, ou a equipa que estava numa série de oito derrotas seguidas? Bem, podemos dizer que as duas equipas tiveram momento de reação e momentos de desnorte. Tudo isso valeu num empate (1-1).
O Marítimo não conseguiu vencer, esteve mal em vários momentos do jogo, mas quase vencia o Boavista em pleno estádio do Bessa. Um jogo que deixará os dois treinadores preocupados, mas também confiantes que os bons momentos de cada equipa quase davam vitória.
Oito derrotas seguidas, dois treinadores e um saldo de golos tão negativo tem de pesar sobre os jogadores e os últimos 20/25 minutos da primeira parte são o espelho desse peso. Jogadores nervosos, perdas de bola, faltas de atenção e, especialmente, muito pouco futebol. O Boavista aproveitou isso para defender de forma perfeitamente tranquila (insulares parecia que só queria livres para despejar a bola na área) e para explorar as imensas fragilidades defensivas do adversário.
O golo da equipa de Petit apareceu de forma natural, com um lance que começa na esquerda, varia com um passe de muitos metros para a esquerda e Pedro Malheiro teve tempo e espaço para chegar à linha e colocar a bola na cabeça de Seba Pérez que, espante-se, estava completamente sozinha na pequena área. Para além disto, Agra esteve perto de marcar, num lance «à Agra» e Yousupha perdeu o 2-0 completamente isolado (defesa de Tremal e recarga ao lado de Lourenço) depois de João Afonso ter perdido a bola de forma amadora. Do lado da equipa de João Henriques, o destaque vai para um verdadeiro falhanço de Vidigal, atirando por cima em grande posição, já depois de Bracali ter falhado a abordagem a um cruzamento.
E nem começou assim. Aliás, os primeiros momentos do segundo tempo davam a clara impressão que os axadrezados iam acabar por fazer o 2-0 mais cedo, ou mais tarde. A facilidade com que o os flancos defensivos do Marítimo eram ultrapassados faziam prever isso.
Só que depois veio o erro de Seba e a magia de Xadas e Vidigal. O médio do Boavista (até então o melhor em campo) foi displicente e perdeu uma bola perto da área e os dois jogadores do Marítimo trabalharam de forma perfeita para deixar o último na cara de Bracali. Apesar do domínio e frieza de Vidigal, o destaque tem de ir para o passe de Xadas...
Ora, esse momento abanou e muito o Boavista que só não ficou a perder pouco depois porque Joel Tagueu acertou na barra na marcação de uma grande penalidade. É a segunda vez que o avançado acerta nos ferros na marcação de uma grande penalidade, sendo que são já vários os remates ao poste/barra que Tagueu tem nesta temporada, que está a ser para esquecer para um dos bons avançados da nossa Liga.
O penálti falhado acordou o Boavista que voltou a carregar na área do Marítimo tendo mesmo criado alguns lances de perigo junto da baliza de Trmal. Só que o mal estava feito e os pontos foram mesmo perdidos.
O Marítimo ainda não venceu, mas se a segunda parte mostrou alguma coisa a João Henrique foi que a equipa tem pernas e qualidade para mais. O problema é que quando se está mal até os postes parecem mais largos.
Num jogo de altos e baixos ficou a clara ideia de que os dois conjuntos têm qualidade. As melhores fase de Boavista e Marítimo foram realmente boas e, se no caso axadrezado era conhecida a qualidade, do lado do Marítimo foi bom ver que chama.
Não é muito habitual, mas a descrição do árbitro serve como pior.
Tanto apito... Um lance que merece ser visto, revisto e anulado foi aos 14 minutos, quando Winck entrava na área do Boavista, com bola controlada e pronto para rematar/cruzar e Luís Godinho, atirando a regra da lei da vantagem para o fundo de um rio, apita para marcar uma falta atrasada. É verdade que Xadas quase marcava na bola parada, mas com decisões destas vamos criando um futebol português cada vez mais aborrecido. Não querendo exagerar, temos de destacar pela negativa esta arbitragem. Foram muitos os problemas no final entre jogadores e até os bancos e tudo isso tem raiz na quantidade de vezes que Luís Godinho apitou sem necessidade, premiando os jogadores, que cedo perceberam que caindo conseguiam parar o jogo. Demasiado mau para um jogo de primeira liga.