Diz-se no futebol que jogar contra 10 muitas vezes é mais difícil. Quem lhe escreve assume já que não concorda com a ideia, mas depois de ver este Arouca x Boavista (1-2) talvez tenha de rever a minha opinião. Com mais de 90 minutos em superioridade numérica (algum tempo até contra 9 no final), os axadrezados acabaram a sofrer (e muito) para derrotar um adversário que teve uma entrega incrível. Um misto de vontade, contra muita falta de inspiração...
Ainda assim, apesar dessa vantagem, não podemos dizer, de todo, que a equipa do Boavista tenha dominado na primeira parte e encostado o Arouca à sua área. Temeu-se que isso fosse acontecer, especialmente porque a dupla de meio-campo da equipa da casa, ficou composta por David Simão e Alan Ruiz, dois grandes jogadores, mas que fisicamente não são conhecidos pela sua intensidade, ao contrário de Makouta e Pérez.
Só que foi mesmo assim que o Arouca marcou primeiro. Confortável no jogo, a equipa do distrito de Aveiro passou a tentar quase exclusivamente a profundidade e num desses lances Mujica ficou na cara de César (entre correr para a frente e para trás ficou mal posicionado) e fez o 1-0. É certo que o Boavista reagiu pouco depois, num golo entre centrais, mas causava alguma estranheza como é que o jogo era tão divido.
Seja como for, o tal domínio que estávamos à espera aconteceu mesmo e o Arouca já nem no futebol direto conseguia ameaçar a pantera. A presença de dois avançados e dois extremos não permitia aos da casa ter espaço para lançar Mujica e a tal ideia de sentido único aconteceu.
Faltava agora saber se a pouca inspiração ofensiva ia resultar num domínio só «fogo de vista», ou se o golo ia acabar por aparecer. Aconteceu a segunda hipótese, num pontapé de canto, no qual Martim Tavares aproveitou uma recarga, após cabeceamento de Bozenik.
O 1-2 foi um golpe duro para o Arouca, que ainda viu mais um jogador ser expulso (Jerome Opoku com uma entrada também dura), terminando com 9. Só que uma equipa de Armando Evangelista pode não ter muitas coisas, mas terá sempre um coração imenso e esse coração fez com o Boavista tenha acabado o jogo a sofrer dentro da área, com oportunidades claras dos da casa, golos anulados e pedidos de penálti.
O Boavista saiu com os três pontos de Arouca e pode agradecer ao menino Martim Tavares que, aos 18 anos, já rendeu seis pontos à equipa de Petit.
Com 10 manteve sempre equilíbrio no jogo, com 9, mesmo a perder, empurrou o Boavista para a sua área e esteve muito muito perto do empate. Que vontade e entrega dos jogadores de Armando Evangelista.
Duas entradas horríveis, bastante parecidas. Não se perceberam os lances pela agressividade e o Arouca saiu bastante penalizado por erros dos seus jogadores.