Emoção pura, nervos no limite! O Eintracht Frankfurt conquistou, depois de 1980, a sua segunda Taça UEFA/Liga Europa. Em Sevilha, a «Diva do Rhein» apareceu no maior jogo da sua história e depois ter estado a perder por 1-0 levou o jogo às grandes penalidades, onde foi mais eficaz (1-1; 5-4).
Dois estilos, a mesma filosofia. Entre Eintracht Frankfurt e Glasgow Rangers reinou, sobretudo, a vontade de fazer história. Os alemães, tão equipa como os escoceses, foram, também, melhores tratadores da bola. Quem tem Kostic - à cabeça - arrisca-se a isso. Mas atenção: sem o toque da filigrana, o Rangers foi sempre capaz de colocar em sentido Kevin Trapp.
Prova desta matriz que foi o jogo? A dupla ocasião para a equipa de Oliver Glasner no espaço de um minuto (20' e 21') e a resposta de Joe Aribo (26'), que de uma bola à entrada da área fez uma daquelas ocasiões com «chama»; Trapp limitou-se a desviar com os olhos. O mesmo padrão mais à frente: Kostic em dose dupla (30' e 32') a ameaçar McGregor, John Lundstram do outro lado respondeu.
Deu a sensação que por cada dupla oportunidade do Eintracht a equipa de Gio van Bronckorst respondia com um aviso. Ter mais bola - como teve o conjunto germânico - nem sempre foi sinónimo de ter a final sob controlo. Tanto assim foi que ao minuto 57 o Sánchez Pizjuán sentiu um «terramoto» azul nas suas fundações com o golo de Aribo.
Tuta foi o vilão da jogada, que no azar de ter tropeçado deixou o avançado do Rangers na cara de Trapp, que nada pôde fazer. Na sequência da jogada, o defesa do Eintracht ainda se lesionou e teve de abandonar a final com a tristeza estampada no rosto. Bastou um erro para que os escoceses fossem implacáveis, um erro para colocar os alemães de costas para o título.
Mas a «Diva do Rhein» apareceu. A resposta foi quase imediata, com as arrancadas de Knauff a causarem solavancos na defesa do Rangers. Lindstrom e Kamada chegaram-se à frente, mas foi do pé esquerdo de Kostic - no cruzamento - e na finalização em antecipação de Borré que as contas da final voltaram ao equilíbrio.
Com o empate, o Eintracht Frankfurt voltou a sentir que era a melhor equipa no relvado de Sevilha. E foi. Contudo, a abnegação dos escoceses era o combustível da crença. E, por isso, a melhor equipa nunca esteve demasiado confortável. Uma e outra vez, sempre que o Frankfurt parecia mais perigoso, eis que as «alfinetadas» do lado contrário apareciam.
A noite acabou por ser longa. 90 minutos. 120. Glasner e Van Bronckhorst mexeram, o jogou ficou atípico e perigoso para ambos os lados. Aqui e ali, «fogachos» de perigo nas zonas de Trapp e McGregor, mas as pernas começaram a pesar. Antes das grandes penalidades, no entanto, Ryan Kent teve o «golo de ouro» no pé, mas Trapp, com uma defesa soberba, evitou o golo... aos 118 minutos.
E com isso, o guarda-redes alemão levou a decisão para as grandes penalidades. E foi aí, no momento mais crítico de todos, que voltou a ser herói. Numa série de cinco em que quase todos foram perfeitos, Aaron Ramsey acabou por perder o duelo com o guarda-redes alemão, que travou o remate do galês.
Cada competição vale aquilo que os adeptos quiserem fazer dela. E esta final da Liga Europa significava tanto para cada um dos lados. O ambiente no Sánchez Pizjuán, em Sevilha, proporcionado por escoceses e alemães, foi apaixonante, arrepiante e ensurdecedor. Em suma, maravilhoso.
As decisões são soberanas mas, do ponto de vista lusa, fica um sabor amargo por não ter havido Gonçalo Paciência em campo. O português foi dos mais ativos no banco e na interação com o público, mas acabou por ver e fazer a festa sempre do lado de fora.