A matemática era difícil, a realidade provou-o. O B SAD desceu, este sábado, à segunda divisão do futebol português. A sentença final (com empate 0-0 em Arouca) reflete uma época complexa e com um episódio tão sui generis quanto lamentável, como foi o jogo com o Benfica, no Jamor. Dada a particularidade do clube, o futuro da sua equipa será, seguramente, tema nas próximas semanas.
Era o ato final, a derradeira ponta de uma esperança que se foi esgotando com o passar das jornadas. O B SAD entrou para a 34ª jornada da Liga em último lugar na tabela e foi nesse lugar que se despediu do escalão maior do futebol nacional. O destino, esse, nunca esteve nas próprias mãos (ou pés); e foi nessa dependência de terceiros que se começou a escrever a sentença.
Quando a meio da primeira parte já o Moreirense vencia à distância o Vizela por 3-0, todos, sem exceção, compreenderam que o final de linha para os azuis tinha chegado. E porque o futebol gosta sempre de se ligar ao místico, o dilúvio que se abateu sobre a tarde quente de Arouca foi mais do que uma premonição; foi mesmo uma despedida «abaixo da linha de água».
À imagem daquilo que os resultados ditavam, assim foi a exibição da equipa de Franclim Carvalho. Em campo, sim, mas sem aquela alma de quem acreditava que era possível. Por isso, foi o Arouca, já tranquilo na felicidade da manutenção, quem esteve mais perto de chegar ao golo. Se não era Luiz Felipe - defesas soberbas aos 8 e aos 45 minutos -, era Danny Henriques a tirar o golo em cima da linha.
Com a paz às costas joga-se melhor. Esse dado assentou na perfeição à equipa de Armando Evangelista, que até teve algumas alterações na equipa inicial. Na primeira defesa de Luiz Felipe, por exemplo, foi o «miúdo» Tiago Araújo, emprestado pelo Benfica, a aparecer em posição de golo. Antony também mereceu a titularidade, mas foram os do costume a dar «perfume»: David Simão e Alan Ruiz.
O argentino, por exemplo, para lá dos excelentes pormenores - como o passe a isolar Tiago Araújo aos oito minutos -, quase fazia o «seu» golo no arranque do segundo tempo; Luiz Felipe, contudo, voltou a opor-se. Que o guardião do B SAD tenha sido um dos melhores em campo advoga a tese de uma equipa visitante presa às muitas limitações - futebolísticas e mentais - que se manifestaram ao longo da época.
Atenção: o B SAD teve as suas ocasiões para, pelo menos, dizer adeus com uma vitória (ainda que sempre amarga). A melhor foi da autoria de Abel Camará (44'), mas no ping pong com Zubas nem a sorte esteve do lado dos condenados. Houve outras, sobretudo nos minutos finais, mas sem consequências significativas - no resultado e na tabela.
E assim, com uma segunda parte morna e sem grandes motivos de interesse se fechou o capítulo desta época que viu um dos clubes mais «polémicos» do futebol nacional descer de divisão. Quanto ao Arouca, estará por «cá» na próxima temporada.
Com a manutenção garantida, o último jogo da época foi de celebração para o Arouca. Por isso, a afluência de público ao estádio foi muito interessante, com uma das duas bancadas completamente repleta e outra (à chuva) bem composta.
A temperatura estava quente, mas aquilo que caiu do céu foi impiedoso. A tarde em Arouca foi de dilúvio e, com isso, extremamente desagradável para quem se sentou na bancada descoberta do estádio municipal.
Arbitragem sem casos e discreta de Rui Costa, ainda que aos 52 minutos a equipa da casa tenha pedido grande penalidade sobre André Silva. No entanto, a decisão de mandar jogar foi correta.