A alcunha é «Cruel» e o Boavista bem o sabe. Num jogo onde Joel Tagueu dominou e fez um hat-trick, o pragmatismo do Marítimo foi o suficiente para golear uns axadrezados desinspirados por 4-0. Vasco Seabra e os seus comandados regressaram, assim, às vitórias.
À entrada para esta jornada, Marítimo e Boavista tinham exatamente os mesmos pontos e queriam dar um pontapé na onda de resultados recentes para dar um passo de gigante rumo à manutenção na Liga Portugal bwin. Vasco Seabra mudou o desenho do ataque e chamou ao onze Edgar Costa, Bruno Xadas e Henrique Rafael para fazerem companhia a Joel, enquanto Petit fortaleceu o meio-campo com a chamada de Makouta.
Sem contar já com Sauer - que foi transferido para o Botafogo -, Petit apostou no reforço do seu meio campo e chamou ao onze titular Makouta, que foi sendo o principal dinamizadora do transporte da bola entre setores da formação axadrezada. Contudo, as duas equipas estavam bastante na expectativa e o ritmo de jogo nos primeiros minutos foi sendo bastante baixo, com as oportunidades a serem praticamente inexistentes.
O Marítimo, por sua vez, demorou até fazer o seu primeiro remate no jogo (37 minutos) e foi dando prioridade à coesão defensiva, algo que resultou, até pela incapacidade do Boavista de ligar jogo no último setor. No entanto, os madeirenses foram absolutamente mortíferos no caldeirão e não deram hipóteses nas poucas vezes que chegaram com perigo à baliza das panteras. A primeira foi aos 41 minutos, num lance onde Vukotic ainda fez um corte enorme em cima da linha, mas, na recarga, Matheus Costa não deu hipóteses.
A segunda foi já nos descontos, aos 45+3, fruto também do completo adormecimento da defesa do Boavista. Bruno Xadas foi desmarcado na direita e foi até à linha de fundo cruzar com conta, peso e medida para a cabeça de Joel Tagueu, que encostou para o 2-0. O pragmatismo madeirense ia fazendo a diferença.
Depois de uma 1ª parte paupérrima a nível ofensivo, principalmente, Petit procurou algo novo no arranque da 2ª parte, mas a equipa não mostrou qualquer melhoria e Musa foi parecendo um corpo ausente na frente de ataque. As substituições, e mudança tática, também pouco fizeram e o Marítimo foi esfregando as mãos pela facilidade a defender permitida pelo Boavista.
Do lado do Marítimo, a estratégia de Vasco Seabra mantinha-se e a aposta na profundidade dos seus alas e dos movimentos de rotura de Joel eram as suas principais armas. Foi, contudo, através de uma grande penalidade que o Marítimo voltou a festejar. Joel foi travado em falta, o VAR confirmou a grande penalidade e o avançado assumiu, não dando hipótese a Bracali. Não se ficou por aqui e pouco depois completou o seu hat-trick, num lance onde tirou Bracali do caminho, depois de uma desmarcação com alguma sorte à mistura, e com toda a calma do mundo fez o 4-0.
Os comandados de Petit estavam completamente desnorteados e, como se não chegasse o pesado resultado e eminente derrota, a vida futura ainda ficou mais difícil. Isto porque Seba Pérez e Musa viram amarelo e falham, assim, a próxima jornada com o Sporting, assim como o jovem Tiago Morais, que viu o cartão vermelho direto por uma entrada muito feia de pitões. O resultado acabaria por não sofrer mais alterações e o Marítimo regressou às vitórias cinco jogos depois, aproveitando para somar 36 pontos e subir ao 7º lugar.
O estilo de jogo não foi propriamente bonito, mas foi o suficiente para o Marítimo golear (e bem) um frágil Boavista. Os madeirenses fizeram um total de seis remates e marcaram quatro. Eficácia tremenda.
Foi daqueles jogos onde a equipa do Boavista nunca pareceu realmente estar em jogo. Defensivamente foi muito maleável e ofensivamente pouco (ou nenhum) perigo criou. Derrota mais que justa.
O árbitro Gustavo Correia teve bastante trabalho ao longo do jogo, mas esteve bem nos cartões admoestados. O nervosismo do Boavista não facilitou, com várias entradas fora de tempo. O VAR confirmou o penálti bem assinalado.