Se o Santa Clara diz olá à hipótese real de chegar pela primeira vez a uma final four da Taça da Liga (está perto...), o FC Porto despede-se de forma ainda mais precoce do que o habitual numa prova que, é mais e mais evidente, não quer nada com os dragões. Desta vez foi logo ao primeiro jogo que a equipa da Invicta viu fugir, como ano após ano, a hipótese de conquistar um troféu que continua (e continuará por mais uns tempos) a faltar no museu.
A noite foi mesmo da equipa agora treinada por Nuno Campos, que foi extremamente organizada e eficaz e marcou três golos (Chindris, Ricardinho e Nené) contra apenas um dos portistas, da autoria de Mehdi Taremi. A liderança do grupo é por agora açoriana, haverá um último jogo entre FC Porto e Rio Ave em que serão os portistas que se limitarão a cumprir calendário.
Sérgio Conceição fez a rotação que se esperava na entrada em cena nesta competição, dando a baliza a Marchesín (e Cláudio Ramos ainda não se estreou), com Nanú e Manafá nas laterais, Mbemba de volta e ao lado de Marcano, Grujic e Bruno Costa ao meio, Pepê e Corona nas alas, Fábio Vieira nas costas de Toni Martínez. Destes, três jogadores não resistiriam a um primeiro tempo de pobreza extrema e sairiam logo ao intervalo: Bruno Costa, Corona e Pepê.
Na equipa da casa, Nuno Campos fez também uma série de alterações, como tinha indicado, e apostou numa equipa com mistura entre primeira e segunda linhas, ainda assim mostrando um nível de entrosamento superior à equipa portista. A formação açoriana tinha menos bola, como esperado, e não se pode dizer que tenha acumulado um grande número de ocasiões, mas foi a única equipa que conseguiu ser eficaz.
Foi num pontapé de canto aos 17 minutos que os açorianos aplicaram o primeiro golpe. Os portistas tinham procurado pegar no jogo desde cedo, sem sucesso, a bola parada fez a diferença com uma segunda bola na grande área a ser aproveitada da melhor forma pelo central romeno Andrei Chindris, a fazer o primeiro jogo pelo Santa Clara e o primeiro jogo em competições portuguesas.
Nos ataques portistas, que eram mais frequentes, não havia fio de jogo e também a execução técnica era, uma e outra vez, demasiado fraca. Os laterais eram alvos fáceis de críticos, mas os problemas iam além disso... Pepê não conseguia acrescentar, Corona voltava a mostrar-se muito longe dos tempos de outrora. Fábio Vieira mostrava alguns bons detalhe, procurava pegar no jogo e teve nos pés a melhor ocasião portista no primeiro tempo, com um livre lateral batido para defesa de Ricardo Fernandes. Era algo, mas não chegava, nem perto disso.
A prova até pode ser menor, podem até estar próximos importantes jogos com Boavista e Milan, mas com Conceição a rotação nunca é completa nesta prova, porque não há competição que o técnico aceite colocar de lado. Assim, logo ao intervalo saltaram para o campo Otávio, Sérgio Oliveira e Luis Díaz, ditando o fim de uma infeliz participação de Bruno Costa, Pepê e Corona.
Os dragões conseguiram nos primeiros minutos do segundo tempo as aproximações à baliza açoriana que tinham faltado, mas passou a faltar a capacidade de definição e tanto Luis Díaz como Toni Martínez falharam ocasiões claras para ditar a igualdade. E quem não marca... isso mesmo. 65 minutos, entrega ineficaz de Mbemba e os açorianos a construírem uma bela jogada que culminou em Ricardinho a tocar a bola para fugir a Marcano e a fazer o 2x0 que deixava a hipótese de triunfo do Santa Clara como ainda mais provável.
Taremi tinha acabado de entrar para o lugar de Toni Martínez e bem era necessário o poder de fogo do iraniano, vindo do primeiro hat-trick com a camisola portista. Conseguiu prolongar o momento, faturando aos 83 minutos e deixando o FC Porto a acreditar, pelo menos, num empate que evitaria a eliminação imediata... não aconteceu, mesmo com sete minutos de descontos, e até foi o Santa Clara a dar a machadada final perto do último apito por Nené. A noite foi mesmo da equipa da casa, que fica à espera de saber o que faz o Rio Ave na visita a um já eliminado FC Porto para saber se segue em frente na competição.
Não foi o melhor jogo de sempre de um pequeno contra um grande, mas o Santa Clara mostrou níveis de organização e entreajuda altíssimos, conseguindo dessa forma penalizar tudo o que faltou ao FC Porto (e foi muito). Muito boa prestação coletiva dos açorianos, sem que nenhum jogador em particular estivesse muito acima dos demais.
Sérgio Conceição fez rotação, como esperado, e vários jogadores tiveram a oportunidade para mostrar que mereciam mais, quiçá mais titularidades, mas muitos foram os que desperdiçaram a oportunidade. À cabeça, os três que deixaram o jogo logo ao intervalo - Bruno Costa, Corona e Pepê -, mas não foram só eles...