Quando uma equipa passa por uma fase difícil, com duas derrotas seguidas na Liga, às vezes, mais do que a força da técnica é preciso recorrer à técnica da força. No caso do Paços de Ferreira, o mesmo é dizer que o segredo estava em Douglas Tanque. O avançado foi pela primeira vez titular esta época e foi decisivo ao apontar o único golo em Portimão.
Sem Beto, como já havia sido anunciado, o Portimonense entrou em campo com a equipa habitualmente titular, com a exceção de Renato Júnior, a quem foi entregue a ingrata missão de substituir a referência atacante do Portimonense. E que diferença foi...
O brasileiro foi pouco eficaz e desperdiçou uma grande oportunidade já perto do fim, quando a equipa mais precisava dele. Aí, sentiu-se a falta de Beto. No Paços de Ferreira, as alterações, para além de cinco jogadores, passaram também pela estratégia. De volta ao 4x2x3x1, a equipa de Jorge Simão não conseguiu fazer um jogo brilhante e qualitativamente agradável, mas foi eficaz em quase todos os momentos.
Numa primeira parte dividida, marcada por várias paragens e pela pressão das duas equipas, que mais do que jogar foram procurando não deixar jogar o adversário, o Paços teve uma só ocasião e Douglas Tanque, mesmo com a cara inchada depois de um choque com um jogador algarvio, aproveitou a passividade de Lucas Possignolo para colocar a bola por baixo do corpo de Samuel Portugal, dando aos Castores uma vantagem que, até ao momento, nenhuma das equipas tinha feito por merecer.
Já se sabe. Um golo em cima do intervalo muda a estratégia dos treinadores. Paulo Sérgio sentiu-se obrigado a mexer, colocando em campo Luquinha, que viria a ser determinante para a segunda parte dominadora da formação de Portimão.
O médio libertou as amarras da equipa algarvia, que apareceu com mais frequência perto da área de André Ferreira. O recém-entrado mostrou ao que vinha com um remate perigoso logo aos dois minutos, num gesto que veio a tentar mais vezes ao longo da segunda parte, embora sempre sem sucesso.
O Paços de Ferreira foi passando por momentos de grande aperto, especialmente no lado esquerdo da defesa, onde Moufi, o lateral direito do Portimonense, foi um verdadeiro patrão. O marroquino fez o que quis dos adversários e entregou bolas de golo aos colegas, mas não havia Beto e esta noite houve também pouco Aylton Boa Morte.
Os dois treinadores mexeram sempre para melhorar. Com a entrada de Denilson, o Paços conseguiu esticar mais vezes o seu jogo e até criou situações de golo, mas Willyan, Pedrão e Samuel Portugal chegaram para as poucas encomendas vindas de Paços de Ferreira.
No final, André Ferreira quase borrava a pintura, num jogo em que o guarda-redes, assim como os seus centrais, foi fundamental para manter o nulo. Depois de Renato Júnior, com Luquinha a atrapalhar, falhar uma oportunidade clara de baliza aberta, Aponza marcou mesmo, com o contributo do guardião pacense, mas o lance, já nos descontos, acabou anulado por um fora de jogo de 54 centímetros. O suficiente para os festejos dos adeptos de Paços de Ferreira, que, heroicamente, viajaram até Portimão a um domingo à noite para de lá saírem com os três pontos, algo que tinha acontecido apenas na primeira jornada.
O avançado foi, com alguma estranheza, sempre suplente até este jogo. Esta noite, Jorge Simão apostou no brasileiro e foi recompensado com o golo da vitória.
Algumas lesões aqui e ali, paragens forçadas pelo árbitro e pequenas quezílias que foram quebrando o ritmo do jogo, em particular na primeira parte.
Exagero no apito e alguns amarelos sem grande sentido (que o diga Nuno Santos), mas bem no golo anulado ao Portimonense.