Nem só de Europa vive o Paços de Ferreira neste início de temporada e entre dois jogos históricos contra o Tottenham os pacenses não conquistaram direito a festejar frente ao Estoril-Praia, que levou os três pontos da viagem ao norte do país e já soma sete pontos em três jogos neste regresso à Liga. O Paços soma a segunda derrota seguida neste arranque de campeonato em que alterna as missões domésticas com a Europa.
Num duelo em tons de amarelo - na teoria, porque os visitantes mostravam-se de azul-claro -, a equipa pacense manteve a base da equipa que venceu os londrinos na primeira mão - Jorge Simão só mexeu em três peças ofensivas - e acabou por passar por muito mais dificuldades contra o adversário regressado ao primeiro escalão do que contra um gigante londrino.
A equipa de Bruno Pinheiro ainda esteve em desvantagem mas ao longo do jogo conseguiu virar o marcador e até selar o triunfo com um golo memorável de Joãozinho, daqueles que entram diretamente para as compilações de melhores momentos da temporada.
O apito inicial chegava com muito calor num fim de tarde em Paços de Ferreira e as equipas ainda tardaram nas aproximações com algum perigo. A etapa inicial trouxe acima de tudo trocas de bola em zona defensiva e duas equipas pacientemente à procura de espaços.
Houve raras exceções, ainda assim, com o Estoril-Praia a aproximar-se mais vezes da baliza contrária antes de o Paços acabar por saltar para a frente do marcador, quando a temperatura começava a amenizar e jogar futebol se tornava mais fácil. Antes desse primeiro golo, de Delgado, valeu Marco Baixinho num corte de recurso junto à baliza a cabeceamento de Bruno Lourenço, que respondia a um de vários cruzamentos venenosos de Joãozinho.
Seguiu-se ao golo uma pausa para hidratação com um Bruno Pinheiro muito interventivo junto dos jogadores, que responderam ao treinador com um golo na reta final do primeiro tempo. André Franco colocou na grande área, André Clóvis deu de cabeça na direção do segundo poste e Bruno Lourenço aproveitou o facto de André Ferreira não conseguir afastar para igualar o marcador em cima do intervalo.
Com tudo em aberto para o segundo tempo, Jorge Simão lançou de imediato Matchoi Djaló para o lugar de Nuno Santos (sem o mesmo rendimento que mostrara frente ao Tottenham) e o Paços de Ferreira acabaria por se conseguir aproximar com mais frequência da baliza de Daniel Figueira, embora com muitas falhas na fase de definição.
Nem só de João Pedro se fez o desacerto, também Lucas Silva e Hélder Ferreira não conseguiram acertar com a baliza do Estoril em ocasionais momentos de ataque pacense, e quem aproveitou foi o Estoril-Praia, que num lance de inspiração de Chiquinho ganhou direito a uma grande penalidade por falta de Flávio Ramos. Com o 10 nas costas, André Franco assumiu a responsabilidade e deu ao Estoril o golo da reviravolta.
A segunda recompensa de uma primeira parte com ascendente sobre os anfitriões chegava na segunda metade, que teve um Geraldes a entrar para acrescentar... e os estorilistas ainda afastariam quaisquer dúvidas com mais um golo. E que golo! Num momento de inspiração, o esquerdino Joãozinho arriscou um remate de longe com o pé direito... e só parou lá dentro, sobrevoando André Ferreira e fechando o resultado com nota artística.
Joãozinho e Chiquinho. Protagonistas por motivos distintos, protagonistas num flanco esquerdo diabólico. O lateral esquerdo começou por somar cruzamentos mortíferos e fechou o jogo com um dos melhores golos já vistos nesta edição da Liga. Chiquinho foi frenético mais à frente, sem medo de partir para o drible, ganhou um penálti e foi acumulando duelos ganhos. Uma promessa a observar com muita atenção.
Seja desgaste físico, mental, nenhum dos dois ou ambos, o Paços de Ferreira não mostrou os mesmos índices de concentração exibidos no primeiro jogo contra o Tottenham. A consequência é a segunda derrota seguida no campeonato, depois de também não ter pontuado frente ao Boavista.
Prestação positiva da equipa de arbitragem liderada por Fábio Veríssimo, com decisões que nos parecem corretas nos lances capitais e sem influência no desfecho da partida.