Que noite! Que vitória! Que momento! Para o futebol português e sobretudo para o Paços de Ferreira, que conseguiu banalizar um Tottenham que é muito poderoso, mas que foi pouco capaz de mostrar argumentos com as segundas linhas. Lucas Silva fez o golo, no fim da primeira parte, e foi o pintor principal de um quadro para emoldurar. Agora, é muito mais do que um sonho...
Numa espécie de prolongamento do impacto do sorteio, os primeiros 15 minutos foram de total respeito pelo Tottenham. Mais que isso, foram de receio de ser Paços, de ter bola, de querer ripostar. Um período que, sendo compreensível, deu a sensação de um grande desequilíbrio de forças que, bem vistas as coisas, não tinha assim tanta razão de ser.
Foi isso que aconteceu depois, quando Eustáquio começou a baixar para junto dos centrais para começar a construção. A equipa deixou de ter a bola a escaldar nos pés, começou prudente, mas aos poucos foi soltando alguns passes de rutura, algumas bolas capazes de dar condições para a entrada no último terço. Viram-se ameaças tímidas, que não se podem considerar grandes oportunidades, mas que tiveram o efeito de puxar a bancada e de dar confiança aos jogadores.
Tudo isto acontecia perante um Tottenham muito seguro com bola, mas sem capacidade para entrar no último terço. Aliás, a primeira parte acabou com 3x0 em remates, o que é demonstrativo da má produção ofensiva dos spurs.
Para a segunda parte, obviamente o Tottenham veio com outra disponibilidade para acelerar e atacar e o Paços respeitou isso, se bem que sem a mesma postura da primeira parte. Agora, em contenção, a equipa de Jorge Simão foi rigorosa, firme e confiante, pois o resultado, longe de dar extrema vantagem na eliminatória, era bastante moralizador.
O Tottenham encontrou um bloco mais baixo para ultrapassar. E, se no início, até teve paciência para esperar os espaços que surgiam nas alas, depois começou a ficar impaciente, porque faltava muita capacidade de finalização à equipa. Rematou pouco e as vezes em que o fez foi sem estarem criadas todas as condições para se esperar um golo. No fundo, a construção no último terço foi sempre muito bem anulada por um Paços de Ferreira que privilegiou sempre a conservação do 1x0 sobre o risco de tentar o 2x0 e ser apanhado em contra-pé.
Venha White Hart Lane!
Que bom ambiente e que grande envolvência em Paços de Ferreira. O público acorreu em massa e a equipa respondeu com uma exibição muito personalidade, sem loucuras e com muito cérebro. Só assim seria capaz de uma noite mágica, que fica para a posteridade, independentemente do que acontecer em Londres.
Habituados a vermos Harry Kane e Son na frente deste Tottenham, é impressionante ver a diferença na frente quando os dois não estão. No ano passado, havia Carlos Vinícius, que era uma excelente segunda opção. Agora não há e Nuno tem um problema para resolver.