Com dois golos de Seferovic, que lutava para ser o melhor marcador do campeonato, o Benfica alicerçou uma visita que teve sucesso quase total a Guimarães (exceção para a lesão de Lucas Veríssimo) e fechou com sucesso uma competição que não lhe deixa grandes saudades. Nem ao Vitória, que na última curva deixou fugir o lugar europeu, acentuando um momento negativo que vai perdurar até ao fim do verão, pelo menos.
Moreno deu claras indicações na escolha do onze, que agregou Rochinha, Quaresma e Edwards, além de Estupiñán: não podia haver receio do Benfica e teria de haver ainda menos passividade na expectativa do que pudesse ser feito noutros campos. O Vitória dependia de si e ganhar dava um objetivo que sempre pareceu na mão, mas que corria riscos de voar na última etapa de uma longa caminhada.
Movidos por Taarabt, mas também por dois laterais com grande liberdade para atacar, as águias foram globalmente mais perigosas, numa primeira parte que terminou sem golos, embora com tendência clara para os encarnados. Seferovic era o farol da equipa, pois disputava o trono dos melhores marcadores do campeonato (Pote apenas jogaria a seguir), ainda que isso não significasse uma procura incessante pelo camisola 14. Aliás, a melhor de todas as oportunidades foi desperdiçada pelo colega Darwin, que voltou ao onze e que deu mais trabalho a uma defesa vitoriana com alguns buracos.
Após um início forte, o Benfica ressentiu-se na altura da lesão de Lucas Veríssimo e, com Vertonghen a entrar para uma posição diferente - Morato manteve-se na esquerda, o belga foi para o meio e Otamendi descaiu para a direita - houve algum tempo de readaptação. O Vitória subiu ligeiramente de produção, embora sem que a criatividade viesse à tona como se podia supor. A acabar o primeiro tempo, já a equipa de Jorge Jesus estava outra vez com domínio evidente, enquanto chegavam más notícias desde os Açores, com um 2x0 que obrigava o Vitória a ganhar para ficar com o lugar europeu.
O intervalo não alterou nenhuma dessas tendências...
A abrir o segundo tempo, Darwin foi ainda mais relevante. Começou por, pela esquerda, servir Seferovic para o 0x1, continuou ao construir outra oportunidade para o suíço, a seguir arrancou um amarelo a Jorge Fernandes. Depois, passou esse estatuto a quem mais o queria. Seferovic foi aproveitando um maior desnorte e desgaste dos adversários e fez pela vida.
Porém, logo depois de tripla alteração, o jogo começou a virar. Edwards avisou, Jorge Fernandes marcou de cabeça após um canto e tudo passou a estar vivo outra vez. Moreno não esperou muito, mexeu na equipa e colocou maior pendor ofensivo, o que lhe permitiu ter vários momentos em que o empate andou perto. Vlachodimos foi adiando, chegou mesmo a haver um golo invalidado por fora de jogo de Foster e também alguma dose de desperdício ofensivo dos vitorianos.
Foi uma reta final de emoção e desespero vitoriano. Dos Açores, nenhum milagre. No seu castelo, uma lenta e desesperante queda, ao ritmo de um relógio que sempre apontou para a Europa, mas que virou de direção no último suspiro. E ainda houve Everton a confirmar o triunfo.
Pode até nem dar (Pote só entra em campo a seguir), mas a missão a que o Benfica se propôs para este jogo, e que foi assumida pelo próprio Jorge Jesus, foi conseguida: dar golos a Seferovic. O adversário sabia-o, o que por vezes torna o jogo da equipa mais previsível. Portanto, missão cumprida.
Esperava-se mais do Vitória e, depois do que se viu na segunda parte, ficou a sensação de que a equipa podia ter tido outro sucesso se tivesse despertado mais cedo. Ainda que tenha perdido, não foi, de todo, por jogos como este que falhou o acesso às competições europeias.