Foi com um golo de João Pedro (e que golo!) e outro de Hélder Ferreira que o Paços, à custa de dois ex-Vitória, derrotou a equipa vimaranense e alargou distâncias na classificação. Em mais uma exibição muito boa da equipa de Pepa, os castores até começaram a perder, mas foram melhores e chegaram ao triunfo com justiça.
Do outro lado, houve um Vitória que esteve perto de empatar nos descontos, que se queixou de algumas decisões de arbitragem e que optou por um estilo fechado e de contenção que não deu resultado.
Muito se discute quem é a equipa que melhor futebol pratica em Portugal e o Paços é claro candidato. Mesmo num jogo em que a classificação atirava para o lado oposto a responsabilidade maior, a equipa de Pepa não se encolheu e naturalmente pegou no jogo e apresentou-se em ataque continuado, contra um Vitória a querer ser resultadista: Quaresma ficou no banco e a aposta em Edwards e Rochinha foi no sentido de acelerar rapidamente o jogo quando a equipa tivesse bola. E, no fundo, essa estratégia não correu mal.
Era um Paços mais vistoso e, ao mesmo tempo, mais perigoso. Mesmo quando sofreu, a equipa de Pepa, sempre coordenada em campo por Eustáquio, não desarmou e continuou na mesma toada, a ter os laterais recorrentemente envolvidos no ataque (ao contrário da equipa de Guimarães, onde Sacko e Mensah ficavam) e a envolver-se muito bem de fora para dentro.
Este era um jogo de risco para o Vitória. Não se esperava que a equipa de João Henriques estivesse tão encolhida e expectante. Via-se isso na forma como permitia a posse ao Paços (percebe-se), via-se isso na forma como a equipa tardava em acelerar o jogo.
Houve muito mérito de Pepa. O trabalho defensivo parece estar cada vez mais consolidado e o ofensivo tem um sentido coletivo muito interessante, a partir da coordenação de Eustáquio (que jogador!). Houve nova capacidade para chegar à frente, sobretudo por Luther, e uma curiosa eficácia de cabeça de Hélder Ferreira a dar a volta ao marcador.
O futebol não tem de se complicar quando os processos são simples e é essa a maior virtude da equipa do Paços. De tão simples que faz, a equipa de Pepa parece tornar fácil jogar futebol, o que não é bem assim. O envolvimento dos laterais, a presença constante dos médios interiores e a coordenação de Eustáquio são as razões para um Paços de sucesso, uma vez mais.
Contra a corrente do jogo, o Vitória chegou à vantagem e tinha condições para fazer um jogo posterior muito melhor. O meio-campo nunca conseguiu sair da teia montada pelo adversário e sujeitou-se ao que aconteceu. Depois, quando precisou de reagir, já não teve formatação para isso - nem espaço, que o adversário fechou-o.
Pelo critério largo que adotou ao longo do jogo, percebe-se que não tenha ido em cantigas nas áreas (o mais duvidoso foi o possível penálti sobre Edwards, momentos antes do 2x1). Ainda assim, ficaram cartões por mostrar para os dois lados, pois esse excesso de permissividade permitiu aos jogadores lances à margem do que era permitido.