Inicialmente parecia haver tomba-gigantes, mas tudo mudou nos últimos suspiros. O Belenenses SAD foi feliz em Fafe, depois de estar a perder por 2x0, num jogo globalmente desinspirado e onde precisou de puxar dos galões nas alturas decisivas do encontro. A formação da casa, líder da Série B do Campeonato de Portugal, caiu de pé, num jogo onde apresentou bons pormenores e onde necessitou de sofrer e correr imenso. Os azuis seguem em frente na Prova Rainha e vão ter pela frente o Benfica de Jorge Jesus.
Mesmo com todas as condicionantes motivadas pelo «novo normal» dos dias de hoje, que também afetou e muito o desporto, a liderança da Série B do Campeonato de Portugal não é do Fafe por obra do acaso. E, no Municipal, raramente alguém passa sem uma boa dose de sofrimento, independentemente da divisão.
Aguerrido e coeso, o Fafe provocou um calafrio na defesa azul bem cedo na partida, com um falhanço inacreditável do experiente Ferrinho, que só tinha a baliza (aberta) pela frente, e mostrou-se atento no momento defensivo, já que apenas Ramires obrigou Danny Carvalho a defesa apertada.
O jogo foi perdendo intensidade e ficou mais morno, tendo aquecido com a redenção de Ferrinho, ele que aproveitou uma abordagem infantil da retaguarda do Belenenses SAD. Insatisfeito, Petit retirou Danny Henriques, desmontou o esquema de três defesas e colocou Cassierra em campo aos 25 minutos, com vista transformar a até então apática exibição da sua equipa. Melhorou ligeiramente, ainda que com pouco fulgor ofensivo, mas, mesmo em cima do intervalo, o Fafe aproveitou para ampliar.
Recorrendo ao VAR, Iancu Vasilica apontou para a marca de grande penalidade e Paulinho não tremeu, dando uma vantagem inesperada, mas justa à turma de Ricardo Silva.
Percebia-se pela substituição precoce (e provou-se mais tarde) que o Belenenses SAD iria apostar as fichas todas, colocando o último terço mais povoado para estar mais perto da baliza de Danny Carvalho e o Fafe, com perfeita noção, não se deslumbrou.
Miguel Cardoso e o infeliz Cassierra - o espelho da equipa - cheiraram o 2x1, mas para pouco mais deu, até porque, de forma assertiva, o Fafe ia controlando a profundidade e a maior velocidade dos atacantes contrários. Num das poucas ocasiões em que retirou algo de positivo da postura mais vertiginosa, o Belenenses SAD reduziu por Miguel Cardoso, numa grande penalidade sofrida por Cassierra diante do guardião adversário.
Antes do apito final, numa das últimas investidas dos visitantes, o árbitro da partida assinalou grande penalidade por nova falta de Danny Carvalho e confirmou a decisão, fazendo com que o jogo chegasse ao prolongamento por via do bis de Miguel Cardoso da marca dos 11 metros.
Mais fresco e experiente, o Belenenses SAD dominou territorialmente e teve sempre maior pendor ofensivo no decorrer da outra meia hora de jogo. Ainda assim, e mesmo perante visíveis dificuldades físicas de alguns elementos, o Fafe afastou quase sempre o perigo ora dentro, ora fora da área... Até ao cair do pano. Uma vez mais.
Na área, solto de marcação, Chico Teixeira encheu o pé esquerdo e fuzilou a baliza anfitriã, carimbando a cambalhota no marcador e a passagem sofrida do Belenenses SAD aos quartos-de-final da prova, onde vai encontrar o Benfica.
Foi de forma inglória, mas caiu de pé. O Fafe deu tudo o que tinha durante o tempo que esteve em campo, tendo levado dois 'socos no estômago' em alturas críticas da partida. Esforço para mais tarde recordar, com quatro baixas importantes por Covid-19 antes do encontro!
Petit certamente que ficou satisfeito com a reviravolta, mas a exibição do Belenenses SAD não foi muito positiva. Aliás, pelo contrário. Valeu pela frescura e insistência, face a um adversário muito fustigado pelo cansaço físico.
Demasiadas paragens devido a indicações do VAR, num jogo com algumas paragens. Ficam muitas duvidas quanto ao segundo penálti do Belenenses SAD, mas voltou a recorrer à ferramenta para a confirmação...