Muito, muito, mesmo muito melhor o resultado do que a exibição. No regresso do Farense a Alvalade, os leões de Faro levaram os de Alvalade ao limite e só mesmo um penálti perto do final do jogo, que promete fazer correr muita tinta durante a semana, permitiu ao Sporting manter a sequência de vitórias em Alvalade e garantir a liderança do campeonato durante o Natal. Como havia acontecido com o Benfica, na Luz, a equipa de Sérgio Vieira regressa a Faro com um forte amargo de boca e sem pontos na bagagem.
18 anos depois, dois leões de Primeira voltaram a encontrar-se. Foi bem longo e sinuoso o caminho do Farense, mas a viagem tornou a chegada ainda mais saborosa e este sábado só foi pena o silêncio nas bancadas, neste caso as afetas aos Leões de Faro, que certamente desejariam fazer a viagem de Faro a Lisboa para assistir a este jogo. A viagem pode demorar, esperamos que não 18 anos, mas vai acontecer, talvez mais cedo do que todos esperamos.
Desses 18 anos até à atualidade aconteceu muita coisa, mas nunca um Sporting campeão. Neste regresso dos outros leões, os sportinguistas chegavam a esta partida em primeiro lugar e num bom momento, mas encontraram na equipa de Sérgio Vieira um leão defensivo, de lição bem estudada e pronto para ameaçar a liderança verde e branca por alturas do Natal.
Depois de algumas mudanças nos jogos da Taça de Portugal e da Taça da Liga, o Sporting voltou à sua fórmula original, mas a equipa de Rúben Amorim esteve longe daquilo que vinha habituando até então. Neste duelo de leões, os de Alvalade foram bloqueados por uma excelente organização defensiva por parte do Farense, que procurou tirar a profundidade que a equipa de Rúben Amorim gosta de atacar e pressionar apenas no último terço do terreno. E tantas dificuldades teve o Sporting.
Com Pedro Gonçalves e Nuno Santos, tantas vezes figuras esta época, completamente desaparecidos, os leões acabaram mesmo a primeira parte com apenas um lance de perigo, mesmo em cima do intervalo. Antes disso só o Farense tinha rondado a baliza adversária, duas vezes pelo regressado Ryan Gauld, que em ambas as ocasiões obrigou Adán a aplicar-se para evitar a famosa lei do ex.
O Sporting teve sempre mais bola, mais iniciativa, mas foi previsível e com Tiago Tomás no ataque raramente conseguiu criar lances de verdadeiro perigo, por mais que os médios tentassem envolvimento em zonas mais subidas. A organização algarvia estava a enervar a equipa leonina, mas o remate de Tiago Tomás ao poste já no tempo de descontos, numa das raras vezes em que o avançado conseguiu o tal espaço nas costas dos defesas, dava um indicador, embora tímido, que o Sporting podia ser feliz a jogar desta forma.
Não foi assim tão diferente da primeira parte, a segunda. A equipa de Rúben Amorim procurou acelerar mais e parecia partir para uma segunda parte de maior domínio e assédio à área de Defendi quando Pedro Gonçalves apareceu em zona de finalização na cara de Defendi, mas efetivamente não era a noite de Pote, que perdeu o duelo com o guardião brasileiro no lance de golo mais claro que a equipa verde e branca tinha tido até então.
O tempo foi passando e claro que o Farense, que já havia dado primazia à organização defensiva na primeira parte, conseguiu sair menos vezes para o ataque. Era tudo uma questão de forças. A força do leão de Alvalade foi levando o Sporting para a frente, a do leão de Faro levou os algarvios para a sua área.
Nada que fizesse tremer a equipa de Sérgio Vieira, sempre organizada e a permitir ao Sporting criar perigo apenas em lances de bola parada ou com remates de fora da área de Palhinha que acabaram por não criar perigo, mas quando o duelo de leões parecia dar nulo aconteceu o inesperado.
Um livre na quina da área resultou na polémica (ler ao detalhe na caixa do árbitro)... e na vitória do Sporting. Defendi atingiu Feddal, o árbitro e o VAR entenderam marcar penálti e o recém-entrado Sporar não se fez rogado perante a possibilidade de dar uma prenda aos sportinguistas. No frente a frente com Hugo Marques (Defendi foi expulso na sequência do lance), o esloveno decidiu o jogo e fez imperar aquilo que a história de confrontos tem vindo a escrever: quando há duelo de leões, vencem os de Alvalade.
Lance muito difícil e que define completamente a partida. Vamos por partes. É claro que Defendi atinge Feddal na cara ao sair dos postes. Também é claro que o guardião brasileiro foi pouco prudente na abordagem colocando-se em risco. No entanto, o jogador do Farense também toca na bola e está no limite entre a pequena área e a grande área. Muito difícil, mas aceitável, na nossa opinião.
Muitas vezes criticada, mas por vezes também merece elogios. A equipa do Farense sabia da diferença de valores individuais e do excelente momento deste Sporting e então procurou sempre primar pela organização defensiva. Sem perdas de tempo e antijogo, a equipa de Sérgio Vieira mostrou trazer a lição muito bem estudada desde Faro e anulou (e bem) as principais armas dos leões.
É certo que a equipa do Farense apresentou uma estratégia defensiva que dificultou o jogo da equipa de Rúben Amorim, mas a verdade é que o Sporting apresentou pouca intensidade e criatividade com bola, dificultando o seu trabalho na hora de atacar.