A capacidade de emendar um erro e corrigir algo que não está bem é essencial na vida e no futebol. Foi isso que vimos Sérgio Conceição e o FC Porto fazerem na vitória (2x1) frente ao Paços de Ferreira e que permitiu seguir para as meias-finais da Taça da Liga.
O treinador azul e branco arriscou numa versão diferente, que não estava a resultar e, depois de corrigir, garantiu com naturalidade a vitória no Estádio do Dragão. Já o Paços, sem ser brilhante, voltou a mostrar o porquê de ser uma das melhores equipas a jogar em Portugal e vendeu muito cara a eliminação na prova.
Os dois treinadores mexeram bastante, sendo que Pepa mudou peças no seu 4x3x3 e Sérgio Conceição acabou por mudar mais intensamente. Colocou Corona solto ao lado de Toni Martínez, lançando ainda dois extremos puros, Díaz e Felipe Anderson. Para além dessa aposta em Corona mais solto, os dragões ainda optaram quase sempre por atacar sem Malang Sarr, que jogou na esquerda. Por isso, podemos dizer que o FC Porto atacava em 3x4x3 e defendia em 4x4x2, especialmente na primeira parte.
E os argumentos até estavam a favor de uma primeira parte positiva. Com Corona «soltinho» na frente e fazer sempre cortes nas costas dos laterais, estava montada a premissa para um ataque perigoso da equipa da casa. O problema é que para dar essa liberdade ao mexicano, Sérgio Conceição não colocou em campo Otávio e a construção azul e branca praticamente não existiu dessa forma.
Passes longos, bolas perdidas e uma incapacidade de jogar no último terço do ataque. Foi muito isto os primeiros 45 minutos da equipa portista. Por seu lado, o Paços estava confortável no jogo e até ameaçou o golo num belo remate de João Amaral, que passou bem perto da baliza defendida por Diogo Costa.
Para além de estar confortável a defender, a equipa de Pepa tinha espaço para jogar ao meio, onde a dupla de médios portistas estava sempre em desvantagem perante o trio dos castores. Por isso, não surpreendeu ninguém que o nulo fosse levado para os balneários.
Os campeões nacionais passaram a ser capazes de encostar o Paços à area e, naturalmente, as oportunidades começaram a aparecer. Díaz tentou de calcanhar, Martínez atirou de cabeça à barra e o golo estava a anunciar-se, tal a incapacidade que a equipa de Pepa estava a ter em ter bola e em afastar a pressão azul e branca.
Esse golo apareceu mesmo. Lançamento lateral, Jordi (que estava a embalar nas perdas de tempo) falhou a abordagem e deixou a bola para o golo de Sarr. Depois disso, e mesmo depois da saída de Pepe por lesão (maxilar), o FC Porto embalou para o 2x0, num grande lance entre Corona e Nanú, com este último a cruzar para Díaz na área fuzilar.
Pensou-se certamente que o jogo estava fechado, mas este Paços não é uma melhores equipas da Liga NOS por acaso. Reduziram por Adriano Castanheira, num remate que pareceu desviar em Sarr e enganou Diogo Costa. O Paços ainda acreditou, teve algumas bolas na área e ainda acertou no poste por Eustáquio, mas a vitória não fugiu aos portistas.
Com Sérgio Conceição o FC Porto é quase invencível em eliminatórias de Taças e quando perde é quase sempre nas grandes penalidades. Está viva a tradição e está viva a corrida pela única prova que os dragões nunca conquistaram. Não começou bem, mas foi corrigido ao intervalo e há mais um clube na Final Four da Taça da Liga.
Há um FC Porto sem Otávio e um, muito melhor, com o médio. A sua entrada deu capacidade de ter bola aos dragões em zonas que não nas laterais. Deu capacidade à equipa para ser imprevisível e deu armas aos azuis e brancos para ganhar o jogo. Corona é o artista, mas Otávio é o motor do FC Porto.
Mais uma oportunidade e mais um desperdício. Desta vez Felipe Anderson durou apenas os primeiros 45 minutos e, tirando um ou dois passes, quase se pode dizer que o FC Porto jogou com 10...