Era um teste importante para perceber as forças deste FC Porto, mas os dragões não tiveram resposta para um personalizado adversário e chumbaram com uma pesada negativa (3x2). Os campeões nacionais estiveram irreconhecíveis ao longo do jogo frente ao Paços de Ferreira, acusaram o terrível ciclo de encontros consecutivos e podem terminar a jornada já a oito pontos do rival Benfica.
É importante, porém, não tirar mérito à exibição fantástica dos homens da casa, que tiveram forças para reverter algumas decisões polémicas de Nuno Almeida e até podiam ter vencido com outros números. Noite importante também para Pepa - expulso na primeira parte - , ao terminar uma sequência de sete encontros sem pontos e golos frente aos dragões.
As características do encontro levaram Sérgio Conceição a apostar num onze mais ofensivo, com os reforços Evanilson e Grujic a serem titulares. Pepe ficou fora das contas e Diogo Leite foi aposta no centro da defesa, enquanto o Paços também teve uma ausência de peso, ao não ter disponível o influente avançado Douglas Tanque.
O início do jogo foi aguerrido e com dois conjuntos a procurarem ter bola, sem, contudo, grandes momentos de qualidade ofensiva. O primeiro rasgo no duelo foi dado num lance que começou num mau passe de Diogo Leite - tem de melhorar a concentração -, que permitiu aos castores saírem rápido no contra-ataque. De forma infeliz, um corte de Corona acabou por isolar Dor Jan, que abriu o ativo numa recarga a defesa de Marchesín.
Alguma sorte pacense em chegar ao golo, mas que a equipa de Pepa fez por justificar nos minutos seguintes. O FC Porto estava algo apático em campo e apenas em bolas paradas conseguiu criar verdadeiros momentos de perigo. De cabeça, Grujic assustou num canto, com o capitão Sérgio Oliveira a acerta no poste numa execução muito boa de um livre. Porém, sentia-se que os dragões não tinham o jogo controlado, e as coisas acabaram por ficar mais complicadas.
Em mais uma transição rápida, o Paços de Ferreira voltou a marcar, desta vez por Luther Singh. De forma muito duvidosa, Nuno Almeida decidiu anular o golo por uma alegada falta no decorrer do lance, decisão que deixou o banco pacense em polvorosa e resultou na expulsão de Pepa. A revolta dos homens da casa foi canalizada, de forma correta, dentro das quatro linhas, com a justiça a chegar poucos minutos depois.
Hélder Ferreira voltou a criar perigo pela direita e cruzou atrasado para o remate certeiro de Stephen Eustáquio, que tinha iniciado o lance num fantástico passe. Conceição pedia mais atitude à sua equipa, insatisfeito como o rendimento dos atletas. Em cima do intervalo, Otávio apareceu na área e cruzou rasteiro, com a bola a bater no braço de Eustáquio após desvio, quando estava em queda e não podia evitar o contacto. Penálti assinalado - análise depende do critério - e Sérgio Oliveira reacendia a chama do dragão.
A necessidade de mudanças era grande no lado azul branco e Sérgio Conceição não perdeu tempo em mexer. Nakajima e o recuperado Luis Díaz foram lançados na procura de dinâmicas mais ofensivas da equipa, mas as alterações não tiveram o efeito desejado. Personalizado, o Paços de Ferreira seguiu confiante em campo e voltou a criar perigo, com Marchesín a evitar o golo de Marco Baixinho.
O guardião, porém, não podia defender todas as faltas de concentração e Marega, numa abordagem displicente, fez penálti ao tocar com o braço na bola. Bruno Costa ficou responsável pela marcação e marcou à antiga equipa, sem grande entusiasmo na hora dos festejos. A noite começava a ter contornos de pesadelo para os campeões nacionais.
Com fome de construir um resultado ainda mais fantástico, o Paços de Ferreira continuou a atacar de forma perigosa. Eustáquio atirou uma bomba à barra e esteve muito perto do 4x1, com Bruno Costa a atirar, também, para mais uma defesa de Marchesín. Os dragões precisavam de uma terapia de choque e Taremi, lançado no lugar de Marega, acrescentou mais poder à equipa para a reta final.
Num raro rasgo de revolta azul e branca, Otávio reduziu com uma bomba num belo golo, que animou os últimos minutos. O FC Porto tentou com o coração chegar pelo menos ao empate, mas, justamente, o Paços de Ferreira aguentou os três pontos e até esteve perto de encerrar a festa com mais um golo na compensação.
Fantástica exibição pacense esta sexta-feira. Equipa personalizada com bola, ativa na procura do golo e que venceu de forma justa o encontro. Nota ainda para a reação dos castores ao golo anulado, mostrando grande estabilidade mental.
Uma tendência dos dragões ao longo da partida, com especial foco nas ações defensivas. A equipa falhou passes em zonas perigosas e teve muitos problemas para controlar a profundidade do ataque pacense. A ausência de Pepe não pode servir de justificação.