A prova dos milhões chegou a Lisboa e com ela vieram o êxtase de uns e a desolação de outros. Na primeira noite desta fase final, com a Luz como palco, o Paris SG saltou para as meias-finais e deitou por terra o sonho da Atalanta, que esteve em vantagem durante a maior parte do encontro e viu os parisienses virarem a partida em três minutos, bem na reta final.
A Atalanta saltou para a frente por Pasalic aos 26 minutos e durante muito tempo voltou a mostrar as razões de ter sido uma das grandes sensações desta competição, em ano de estreia na prova. Apesar da reviravolta consentida nos minutos finais, a equipa de Gasperini sai da prova de cabeça erguida depois de ter feito história.
O Paris SG, claro favorito na eliminatória, começou por ser muito ineficaz, com Neymar como face mais visível do desperdício, mas golos dramáticos de Marquinhos e do herói improvável Choupo-Moting entre os 90’ e os 90+3’ permitiram à equipa de Thomas Tuchel marcar lugar nas meias-finais, onde defrontará o RB Leipzig ou o Atlético Madrid.
Sem Di María ou Verratti e com um Mbappé limitado - só jogou a última meia hora da partida -, o PSG teve mesmo de confiar quase em exclusivo no talento de Neymar para grande parte do encontro. A espaços viam-se já desde cedo grandes detalhes do brasileiro, mas os pecados do avançado na finalização eram demasiado penalizadores para a equipa parisiense.
O primeiro falhanço clamoroso foi logo aos quatro minutos, com Neymar a atirar ao lado na cara de Sportiello e a deixar Mbappé em choque e de mãos na cabeça no banco de suplentes, e a Atalanta respondia às ameaças iniciais com a força do coletivo, como sempre fez nesta magnifíca temporada para a equipa de Bérgamo.
Embora sem Ilicic, ainda ausente devido a problemas pessoais, a equipa de Gasperini voltou a jogar sem mesmo e a tentar ser igual a si mesma, obrigando Keylor Navas a mostrar-se desde cedo no relvado da Luz, perante um remate de Hateboer.
Para ir da ameaça ao golo não foi preciso esperar muito mais e aos 26 minutos apareceu Pasalic a finalizar com grande classe de pé esquerdo, assistido por Zapata e a quebrar assim a resistência do guardião costarriquenho. O sonho estava bem vivo para a equipa de Bérgamo, que ainda viu Neymar desperdiçar mais uma enorme ocasião antes do intervalo. Para bem dizer, era Neymar quem mais puxava a equipa rumo a um caminho diferente, mas a definição não saía bem.
A Atalanta mantinha-se organizada, fazia valer o seu golo de vantagem e mostrava solidez suficiente para que esse único golo viesse a bastar para um lugar na penúltima fase, mas o Paris SG veio mesmo a impor um final cruel à formação italiana.
A equipa de Gasperini ainda se aproximou do segundo, que poderia ter deixado o triunfo ainda mais à espreita e os parisienses em desespero, mas já com Mbappé em campo (entrou aos 60’, juntando-se a Neymar no ataque) a formação francesa viria mesmo a resgatar a partida.
Mbappé obrigou Sportiello a uma intervenção aos 74’, mostrando a velocidade e técnica que o mundo lhe reconhece, e voltou a tentar o empate aos 80’, mas os protagonistas da reviravolta seriam outros, bem menos prováveis.
Já com 90’ no relógio, Neymar desviou para Marquinhos finalizar e igualar a partida, abrindo caminho a um prolongamento... que nem foi necessário, porque aos 90+3’ foi Choupo-Moting quem finalizou uma jogada com um passe de classe de Neymar e a assistência final de Mbappé.
O favorito segue em frente e continua na luta pela orelhuda, mas pede-se algo mais à equipa de Tuchel na luta contra RB Leipzig ou Atlético Madrid nas meias-finais.
Que mais dizer sobre esta campanha da Atalanta? Em ano de estreia na Liga dos Campeões, a equipa de Gasperini foi até aos quartos-de-final e esteve sempre na luta por um lugar entre os quatro sobreviventes. Mais uma vez, a equipa não se escondeu, manteve a identidade durante largos períodos (talvez o devesse ter feito por mais tempo...) e quase colheu frutos, caindo perante as individualidades que estavam do outro lado.
Sem tirar o mérito referido ao lado, pela campanha notável da Atalanta, a equipa italiana acabou o jogo a defender a margem mínima e pagou o preço disso mesmo. A equipa de Gasperini foi espetacular a nível ofensivo ao longo desta temporada, mas na reta final do jogo acabou por ceder à pressão e abdicar dessa identidade.
Sem influência em lances capitais do jogo, talvez algum exagero no número de cartões mostrados.