O título diz tudo. O Atlético Madrid foi a Anfield sofrer... e eliminar o campeão da Europa. O Liverpool está fora da Liga dos Campeões depois de perder (2x3) em Anfield, num jogo de emoções, com Oblak e Llorente a serem figuras do lado colchonero. Os madrilenos passaram 95 por cento do jogo a defender, mas aqueles cinco por cento...
Foi, como se previa, um jogo praticamente de sentido único em Anfield. A desvantagem do Liverpool após o jogo em Madrid assim o obrigava, até porque do outro lado estava um Atlético com o jogo ao seu estilo. Ao estilo de Simeone. Jogadores como João Félix sentiram dificuldades para se adaptarem a esse estilo defensivo e expectável dos colchoneros, mas foi esse estilo e um Oblak no seu estado normal que levaram o jogo para prolongamento.
Claro que o Liverpool gosta de atacar e tinha a baliza contrária como alvo claro. Nos primeiros minutos, Felipe ainda assustou Adrián, titular esta noite devido à lesão de Alisson, na sequência de um lance de bola parada, mas foi apenas e só um caso isolado numa avalanche ofensiva da formação de Liverpool, que começou a ter o domínio do jogo e aumentou a intensidade na procura de empatar a eliminatória.
Com Oxlade Chamberlain no lugar de Fabinho (Henderson desceu no terreno), os Reds desequilibraram sempre mais pela direita do que pela esquerda, onde Mané foi tendo um jogo muito apagado, ao contrário de Salah. O egípcio foi um quebra cabeças para o sempre desapoiado Renan Lodi e foi precisamente com esses espaços que o Liverpool conseguiu chegar ao golo. Chamberlain aproveitou novamente a superioridade inglesa no lado direito e cruzou para Wijnaldum bater Oblak. O empate na eliminatória demorou os 43 minutos da partida em Liverpool muito por mérito do guardião esloveno e dos defesas colchoneros - Felipe e Savic foram intratáveis -, mas ainda havia muito jogo pela frente e tanto, tanto sofrimento.
A segunda parte começou na mesma toada. O Liverpool jogou apenas no seu meio-campo ofensivo e Simeone sabia o que o esperava, por isso não hesitou em fazer algo que deixou Diego Costa bastante irritado. O internacional espanhol, de regresso à titularidade, foi substituído por Marcos Llorente, escolhido para ajudar a equilibrar a luta do meio-campo e herói improvável da eliminatória.
Antes das decisões houve ainda mais Oblak, sempre a travar as pretensões do Liverpool, com Firmino a desesperar perante a exibição do guardião colchonero. O mérito defensivo do Atlético Madrid esbarrou na iniciativa e energia ofensiva do Liverpool. Um empate na eliminatória que deu em prolongamento, minutos depois de Simeone invadir o relvado para festejar um golo anulado a Saúl.
Anfield é, por norma, palco de grandes emoções, onde aparecem heróis improváveis. Esta quarta-feira não foi exceção, mas ao contrário do que tem sido norma, desta vez o herói não vestia vermelho.
Ao quarto minuto do prolongamento, Firmino conseguiu finalmente ultrapassar Oblak e colocou o Liverpool na frente da eliminatória, mas os Reds estiveram pouco tempo nessa condição. Adrián esteve demasiado tempo a frio e quando foi chamado a intervir foi o vilão de Liverpool.
O guarda-redes entregou a bola a João Félix e o português lançou um passe açúcarado para Llorente aproveitar enquanto Adrián tentava, de forma pouco ortodoxa, a defesa. Foi impotente, tal como foi minutos mais tarde, para travar nova investida de Llorente. O herói de Madrid marcou dois golos no mesmo jogo pela primeira vez na carreira e eliminou o campeão europeu. Foi mesmo à Simeone. Até deu para vencer o jogo num golo de Morata em contra-ataque.
O jogo de uma vida. Diego Costa irritou-se quando foi substituído pelo médio, mas acabou a festejar o apuramento graças ao colega de equipa. Marcou pela primeira vez dois golos numa partida e decidiu a eliminatória num palco mítico como o de Anfield. Para mais tarde recordar.
Numa baliza estava Oblak, na outra estava Adrián. Em casa estava Alisson. Diferenças fatais que acabaram por ser decisivas na eliminatória. O espanhol errou e lançou o Atlético Madrid para a fase seguinte.